sábado, 26 de abril de 2008

Acerca dos Poetas!


Encantar-te-ás com os poetas até conheceres um.
Com calças de poeta, camisa de poeta e casaco
de poeta, os poetas dirigem-se ao supermercado.

As pessoas que estão sozinhas telefonam muitas vezes,
por isso, os poetas telefonam muitas vezes. Querem
falar de artigos de jornal, de fotografias ou de postais.

Nunca dês demasiado a um poeta, arrepender-te-ás.
São sempre os últimos a encontrar estacionamento
para o carro, mas quando chove não se molham,

passam entre as gotas de chuva. Não por serem
mágicos, ou serem magros, mas por serem parvos.
A falta de sentido prático dos poetas não tem graça.

José Luís Peixoto in Gaveta de Papéis

quinta-feira, 17 de abril de 2008

América

“I believe in America”
Bonasera – The Godfather


Primeira frase do épico de Coppola. Uma ironia a dar o mote à saga de uma família, e de um país.

The Godfather é uma história dos Estados Unidos, das suas misturas, do mundo que desagua em Nova Iorque no início do século passado. Mundo que acena à senhora de tocha na mão, mundo que procura o sonho. País de uma liberdade selvagem, de civilização construída na violência. País de uma moral hipócrita.

América da família, América da sobrevivência.


“We’re are both part of the same hypocrisy, senator, but never think that applies to my family”
Don Michael Corleone - The Godfather II

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Coppola


Ei-lo de volta!
Francis deixa as vinhas e o turismo, e torna a pegar na câmara aqui, com o sempre interessante Tim Roth, na sua Segunda Juventude.

Bem-vindo.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

To Be Or Not To Be

Seinfeld: …so the show would be about my real life; and one of the characters would be based on you.

Kramer: No, I don’t think so.

Seinfeld: What do you mean you “don't think so”?

Kramer: I don't like it.

Seinfeld: I don't understand: what don’t you like about it?

Kramer: I don't like the idea of a character based on me.

(…)

Kramer
: I tell you what: you can do it on one condition.

Seinfeld
: What ever you want.

Kramer: I get to play Kramer.

Seinfeld
: You can’t play Kramer.

Kramer
: I am Kramer!!

Seinfeld
: But you can't act!

Kramer
: Wow!


sexta-feira, 4 de abril de 2008

Sonho

Martin Luther King (15 de Janeiro 1929 - 04 de Abril 1968)


Quase todos nós partilhamos o mesmo.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Obscenidade

São sempre as imortais palavras de Marlon Brando, na pele do misterioso Coronel Kurtz, que me lembro quando se fala de guerra. Isto a propósito da efeméride recente da Guerra no Iraque.

Mais do que qualquer dissertação sobre a barbárie que é a guerra, e o retrocesso civilizacional que ela significa, deixo a palavra aqui a dois autores que muito aprecio com posições antagónicas sobre o assunto: Pacheco Pereira (aqui e aqui) e Daniel Oliveira (aqui) escrevem sobre os últimos cinco anos deste terrível conflito.

E ultrapassando todos os conceitos morais fica a arrepiante frieza dos números:
  • 150 mil a 600 mil mortos iraquianos (600 mil segundo o director do Centro de Resposta a Refugiados e Desastres da Escola de Saúde Pública eresponsável pelo inquérito publicado na Lancet, Johns Hopkins);
  • 3 987 soldados americanos mortos no Iraque;
  • 4 295 soldados mortos no Iraque (1724 mortos com bombas de berma de estrada);
  • 196 mil contractors no Iraque e no Afeganistão;
  • 5,1 milhões (em 27 milhões) de iraquianos deslocados. Apenas 20% recebe alguma ajuda de agências da ONU ou de ONG;
  • 2,7 milhões de deslocados no Iraque;
  • 1,2 milhão de refugiados na Síria;
  • 500 a 600 mil de refugiados na Jordânia;
  • 43% dos iraquianos vivem com menos de um dólar por dia;
  • 12 horas de electricidade por dia na capital de um dos maiores produtores de petróleo do Mundo;
  • Um litro de gasolina custa 350 dinares (há dois anos custava 20 dinares);
  • 25% a 40% de taxa de desemprego;
  • Custos directos e indirectos de 3 milhões de milhões de dólares para os EUA (segundo Joseph Stiglitz, Nobel da Economia em 2001);
  • Armas de destruição em massa descobertas: 0

"We train young men to drop fire on people. But their commanders won't allow them to write "fuck" on their aeroplane because it's obscene"