quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cinemascópio: Ciclo Laços de Sangue - Hoje, 6ª feira: 8 Mulheres, de François Ozon




Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Laços de Sangue

SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 27 Novembro.2009 - 21H45

Mede Vinagre (antiga Casa Morgado)
Rua de Morgado de Mateus, nº51
4000-334 Porto

(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)


ENTRADA LIVRE


8 Mulheres
8 Femmes

Realizador: François Ozon

Com: Danielle Darrieux, Catherine Deneuve, Isabelle Huppert, Emmanuelle Béart, Fanny Ardant, Virginie Ledoyen, Ludivine Sagnier, Firmine Richard
Duração: 103 minutos

Idade: M/16
Género: Comédia, Musical, Mistério
País de Origem: França
Ano: 2002, Cor


Uma iniciativa: Pintar o 7 - Cinema, Cidade, Cultura

Apoio: Mede Vinagre


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Cinemascópio: Ciclo Laços de Sangue - Próxima 6ª feira, 27 de Novembro: 8 Mulheres, de François Ozon



Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Laços de Sangue

SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 27 Novembro.2009 - 21H45

Mede Vinagre (antiga Casa Morgado)
Rua de Morgado de Mateus, nº51
4000-334 Porto

(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)


ENTRADA LIVRE


8 Mulheres
8 Femmes

Realizador: François Ozon

Com:Danielle Darrieux, Catherine Deneuve, Isabelle Huppert, Emmanuelle Béart, Fanny Ardant, Virginie Ledoyen, Ludivine Sagnier, Firmine Richard
Duração: 103 minutos

Idade: M/16
Género: Comédia, Musical, Mistério
País de Origem: França
Ano: 2002, Cor


SINOPSE

França, anos cinquenta. Numa sumptuosa mansão, em cenário bucólico e ocasionalmente invernoso, uma família da alta burguesia começa a reunir-se para as festividades natalícias. No entanto, um drama inesperado sucede: Marcel, o dono da casa, foi assassinado. A partir deste cenário de grave crise, oito mulheres das relações da vítima reúnem-se no grande salão da casa questionando-se sobre o crime ocorrido. Através da busca colectiva de motivações mais ou menos evidentes de cada uma delas individualmente, irão tentar perceber o que poderá ter levado uma de entre as oito a assassinarem o único homem da família. Elas são as senhoras da casa – mulher, filhas, sogra e cunhada –, o pessoal auxiliar e um inesperado elemento, também ele feminino, que surge posteriormente. E a partir das revelações dessas oito mulheres sucedem-se a exteriorização de rancores, a descoberta de infidelidades e outras confissões de segredos muito bem guardados até então. Mas quem de entre elas terá assassinado Marcel?

www.7arte.net


Puro deleite

Vincente Minelli meets Agatha Christie? Se quiséssemos reduzir ao estereótipo este saboroso filme de François Ozon o chavão até poderia funcionar. Mas nessa conversão fácil – e mesmo que as influências sejam assumidas - perder-se-iam todas as subtilezas do talentoso realizador francês. Em todo o caso, uma belíssima homenagem ao musical dos anos 50 e às comédias francesas da época. Por isso mesmo, chapeau pela iniciativa de fazer cinema para (o nosso) puro deleite. Nosso, do espectador, das actrizes e dele próprio. Razões de sobra para considerar “8 Mulheres” como um dos mais saborosos filmes deste ano.
A intriga já se sabe que junta 8 mulheres em redor de um homem morto. E não é um homem qualquer; é o pater familias daquela mansão isolada, que, de uma forma ou outra, reuniu ódios secretos entre as damas inquilinas.
Próximo de “Gosford Park”, mas com uma fleuma muito mais fancófona e musical, Ozon distancia-se de Altman pela forma mais rígida como dirige as actrizes e pelo sentido lúdico da representação. Admirável, sobretudo se o virmos depois do melodrama “Sob a Areia”. Ainda mais se pensarmos que não se deteve a indiciar o filme com tons de um erotismo atrevido bem aceite por todas as Mulheres. Atenção os fabulosos números musicais.”


Paulo Portugal, http://www.7arte.net/cgi-bin/c_critica.pl?id=Paulo%20Portugal-01723



O CINEMA FOI AO TEATRO PELA MÃO DE FRANÇOIS OZON


Ainda não é de há muito a exibição entre nós de «Sob a Areia», um filme de intenso dramatismo que significava uma valorosa incursão do cinema na intimidade psicológica de uma mulher que se recusava à aceitação da morte do seu companheiro, e eis que o realizador responsável por essa obra volta ao nosso seio através de outro filme seu em exibição nas salas de cinema portuguesas, «8 Mulheres». E não podia ser mais radical relativamente a «Sob a Areia» a nova abordagem cinematográfica do jovem realizador francês. «8 Mulheres é uma comédia que procura evidenciar-se artisticamente através de algumas premissas que se refugiam numa determinada ambiência de “glamour” e sofisticação. Tal como o humor que intenta. Mas, mais do que isso, o novo filme de Ozon procura situar-se no cinema dos anos cinquenta por meio da comédia clássica por onde maioritariamente vagueia, ou estendendo-se por universos próprios da comédia musical. Neste particular de vertente musical, o engraçado é que num filme de homenagens ao cinema, e porventura às mulheres em geral personalizadas nas actrizes que interpretam a película, onde o que impera é a paixão pelo clássico e pelo sofisticado, as músicas escolhidas tenham todas elas um cariz fortemente popular. Mas esta curiosidade talvez explique as verdadeiras intenções de Ozon na concepção deste seu filme: adaptar livremente uma peça de teatro para o cinema não escondendo nunca as origens teatrais do filme. E usar mesmo nessa transposição para o cinema de códigos muito mais ligados à arte dos palcos. Fazendo sempre questão de o evidenciar, acentue-se.

Em termos do seu enredo, a narrativa socorre-se da intriga celebrizada nos policiais de Agatha Christie até pelo modo como as personagens, circunscritas a um só salão, se vão questionando e colocando em causa através das motivações mais ou menos evidentes que poderão ter levado uma das oito mulheres em cena a hipoteticamente assassinarem o único homem presente na trama. Um homem a quem nunca vimos o rosto dado que a sua presença ali é um mero artifício para juntar oito mulheres nas situações mais rocambolescas que se possam imaginar. Elas são as senhoras da casa – ascendentes e descendentes –, a criadagem e um elemento mais inesperado. Um elemento no feminino, sempre no feminino. E a partir das revelações dessas oito mulheres sucedem-se a exteriorização de rancores, a descoberta de infidelidades e outras confissões de segredos bem guardados até então.

O que se pode dizer de superlativo deste filme é que ele consiste num curioso e interessante exercício de estilo do próprio Ozon. Todas as actrizes, sem excepção, estão bem nos seus papeis. Isto é, são seguras e competentes. Mas a verdade é que a segurança de Danielle Darrieux, a anciã do clã, a beleza insinuante de Emmanuelle Béart, elemento do pessoal auxiliar, a irreverência interpretativa de Isabelle Hupert, a solteirona histérica, a classe e sofisticação de Catherine Deneuve, a mulher do morto, ou a desenvoltura de Fanny Ardant, a irmã, amante e familiar indesejada, para só citar algumas das actrizes e personagens, não são inteiramente suficientes para tornar este filme algo mais que simpático e agradável no seu desenvolvimento geral. Isto é, para fazer deste um filme conseguido em toda a sua plenitude. Talvez porque nele se integrem alguns momentos de humor bem conseguido mas que padecem de uma sensação que se pressente por vezes como se de mera rotina descritiva se tratassem. Não está nunca em causa a capacidade de Ozon como cineasta, pois percebe-se o seu inegável talento. Mas o que se percebe igualmente, conclui-se, é que esta é uma aposta não totalmente conseguida em termos daquilo que eram as pretensões de Ozon através das apostas altas que fez nos cenários, nas actrizes e no próprio universo diminuto em que rodou a sua história. Ao cinema por vezes não bastam competência interpretativa, preciosidades decorativas e uma excelente optimização do espaço relativamente às características específicas do enredo. Junto com outros pormenores, que não interessará agora enumerar, o cinema necessita muitas vezes de algo que aqui não me parece que tenha existido o suficiente: rasgo narrativo e vigor emocional, já que a vertente intelectual da comédia é extremamente meritória. Em suma, e pese embora o referido, um filme a descobrir pela generalidade dos espectadores mas muito em especial pelos adeptos do género revivalista que encarna.“


Joaquim Lucas
(7arte.net)
2002.10.14, http://www.7arte.net/cgi-bin/c_critica.pl?id=Joaquim%20Lucas-01723


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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Cinemascópio: Ciclo Laços de Sangue - Próxima 6ª feira, 20 de Novembro: O Meu Filho Fanático, de Udayan Prasad


Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Laços de Sangue

SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 20 Novembro.2009 - 21H45

Mede Vinagre (antiga Casa Morgado)
Rua de Morgado de Mateus, nº51
4000-334 Porto

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O Meu Filho Fanático
My Son The Fanatic

Realizador: Udayan Prasad

Com:
Om Puri
Rachel Griffiths
Akbar Kurtha
Stellan Skarsgård
Gopi Desai
Duração: 88 minutos

Idade: M/16
Género: Drama
País de Origem: Reino Unido/ França
Ano: 1997, Cor

SINOPSE

Parvez é um taxista, emigrante de origem indiana, "cidadão do mundo" que gosta de todas as coisas, das especialidades inglesas à prostituta local, Bettina. Schitz é um homem em busca do prazer, um homem de negócios alemão em visita a Londres, que já incluiu Bettina nos seus planos. Parvez é casado com Minoo, uma mulher sofredora, e tem um filho, Farid, um adolescente à procura de si próprio. O fundamentalismo cruza-se com o hedonismo ocidental na mesa da cozinha de uma família asiática. Enquanto Parvez trabalha muitas horas por pouco dinheiro, o seu amigo emigrado Fizzy conseguiu juntar uma fortuna com o seu restaurante de sucesso. Mas a vida de Parvez muda quando Schitz entra no seu táxi à saída do aeroporto, e ele lhe mostra a cidade. Schitz passa a ser seu cliente regular, bem como a recorrer frequentemente aos serviços de Bettina. Farid começa a adoptar um comportamento estranho, abandona a sua namorada branca (e filha do chefe da polícia local) e começa a vender os seus pertences. Parvez descobre que este comportamento não se deve ao consumo de droga mas à obediência a rigorosos preceitos religiosos. Entretanto, afasta-se cada vez mais da mulher. As suas ideias sobre o mundo estão a ser viradas do avesso e, no meio de todos os tumultos, ele encontra ternura e amor no lugar mais inesperado: nos braços de Bettina.

http://www.mooxuu.com/films/detail/13734/

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Próxima sessão, dia 27 Novembro 09: 8Mulheres, de François Ozon


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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Cinemascópio: Ciclo Laços de Sangue – Hoje, 6ª feira: A Canção Mais Triste do Mundo, de Guy Maddin



Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Laços de Sangue

SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 13 Novembro.2009 - 21H45

Mede Vinagre (antiga Casa Morgado)
Rua de Morgado de Mateus, nº51
4000-334 Porto

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A Canção Mais Triste do Mundo
The Saddest Music In The World

Realizador: Guy Maddin

Com:
MARK MCKINNEY – Chester Kent
ISABELLA ROSSELLINI – Lady Port-Huntly
MARIA DE MEDEIROS – Narcissa
DAVID FOX – Fyodor
ROSS MCMILLAN – Roderick/Gavrillo

Duração: 100 minutos

Idade: M/12
Género: Comédia / Drama
País de Origem: Canadá
Ano: P/B, Cor, 2003


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Próxima sessão, dia 20 Novembro 09: O Meu Filho Fanático, de Udayan Prasad



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terça-feira, 10 de novembro de 2009

Cinemascópio: Ciclo Laços de Sangue - Próxima 6ª feira, 13 de Novembro: A Canção Mais Triste do Mundo, de Guy Maddin


Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Laços de Sangue

SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 13 Novembro.2009 - 21H45

Mede Vinagre (antiga Casa Morgado)
Rua de Morgado de Mateus, nº51
4000-334 Porto

(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)


ENTRADA LIVRE


A Canção Mais Triste do Mundo
The Saddest Music In The World

Realizador: Guy Maddin

Com:
MARK MCKINNEY – Chester Kent
ISABELLA ROSSELLINI – Lady Port-Huntly
MARIA DE MEDEIROS – Narcissa
DAVID FOX – Fyodor
ROSS MCMILLAN – Roderick/Gavrillo

Duração: 100 minutos

Idade: M/12

Género: Comédia / Drama
País de Origem: Canadá
Ano: P/B, Cor, 2003


SINOPSE

1933. A Grande Depressão está no seu auge. Quando Chester Kent, um falhado empresário da Broadway, e Narcissa, a sua namorada amnésica, regressam à terra natal de Chester, vão deparar-se com uma espinhosa reunião familiar e um caótico concurso para encontrar a canção mais triste do mundo, organizado pela cervejaria local, dirigida pela amarga Lady Port-Huntly.
Complexas relações começam rapidamente a revelar-se: no passado, Chester e Lady Port-Huntly foram amantes, relação que também envolvia o pai de Chester, Fyodor. Os três estiveram envolvidos no acidente de carro que levou à amputação de ambas as pernas de Lady Port-Huntly.
Ao mesmo tempo, Roderick, irmão de Chester, enfrenta o abandono da sua mulher. Não demora muito para percebermos que essa mulher é Narcissa.
Sendo os três Kent músicos, rapidamente se deixam envolver na busca da canção mais triste do mundo...

http://www.dvdpt.com/a/a_cancao_mais_triste_do_mundo.php


“Depois de Cronenberg e Egoyan, o Canadá exporta Guy Maddin que transforma A MÚSICA MAIS TRISTE DO MUNDO numa espantosa comédia.
Guy Maddin não filma como os outros, filma como ninguém – a preto e branco, ou aplicando grão na cor embriagada, piscando o olho ao Expressionismo Alemão ou ao cinema soviético dos anos 20, assumindo as deficiências na montagem, a instabilidade na câmara, o caos na sua disciplina formal. Assim, A MÚSICA MAIS TRISTE DO MUNDO inspirado num livro de Kazuo Ishiguro, não é um filme novo, é o mais velho novo filme em cartaz.
A MÚSICA MAIS TRISTE DO MUNDO passa-se nos anos 30, com a América do Norte a viver a sua Depressão. Não apenas como sentimento de crise gerado pela queda da bolsa em 1929 ou os apertos na garganta originados pela lei seca - Depressão é o estado de espírito geral da época. Não há dinheiro para pagar vícios, mas não deixa de haver vícios para contrair dívidas. No meio da Lei Seca em Winnipeg, no Canadá, alguém decide molhar o bico. A baronesa Isabella Rossellini, que tem alguidares de cerveja para dar e vender, decide que o segredo para o melhor negócio é organizar um Festival Internacional que revele a música mais triste do mundo e faça mergulhar o povo ainda mais na Depressão. A melancolia chega da Sérvia, México, Reino de Sião, África colonial, América - alto e pára o baile! Este filme tem a ousadia de apresentar a Maria de Medeiros como protagonista e ninguém se lembra sequer de mandar cantar o fado, genuinamente a música mais triste do mundo?
Maddin é um original e um visionário, embora raramente em simultâneo. Há nele tanto de genial como de tosco, uma combinação de suavidade com truculência. De um lado Tim Burton, do outro Ed Wood. Hoje David Lynch, amanhã Eisenstein. Alguém escreveu que Maddin tenta encontrar o "equilíbrio entre o ridículo e o sublime", e as suas extravagâncias trocam-nos as voltas. Num dos seus filmes, Careful (92), os habitantes duma vila canadiana hesitam em levantar a voz com receio de provocar uma avalancha. The Heart of the World (2000), exibido nos festivais de Imago e Vila do Conde, é uma curta-metragem que homenageia os clássicos russos do cinema mudo. Mas a banda sonora é uma pompa operática que anuncia a catástrofe gongórica de uma singela relação triangular. A chegar aos 50 anos, Maddin diz que um dos segredos para a longevidade do corpo e da criação artística é alternar a caminhada trivial na rua com um golpe de dança pontual e esquizofrénico, tipo Serenata à Chuva. Para nós, que vivemos num país onde não chove, o twist à rotina dos dias pode ser providenciado por mil e uma acções, sendo a mais urgente a de entrar rapidamente no universo de um filme made in Maddin.“

Miguel Somsen, Vogue, Março de 2005


ENTREVISTA a GUY MADDIN (retirada da IndieWIRE)


IndieWIRE: Para além de ser a sua terra natal, Winnipeg é o centro do universo cinematográfico de Guy Maddin. Acha que os seus fans têm noção de que este sítio existe de facto, fora dos seus filmes?

Guy Maddin: Não sei. Os Canadianos são péssimos a criar mitos. Encaro como uma missão criar mitos para este país. Todos os outros países engrandecem os seus heróis. Por alguma razão, os Canadianos vêm as coisas pelo lado errado e transformam possíveis feitos heróicos em episódios sem importância. Então pensei que se ninguém ia fazer um mito sobre Winnipeg então seria eu próprio a fazê-lo.

IndieWIRE: Como é que os habitantes de Winnipeg vêm os seus filmes e a si como realizador?

Guy Maddin: Os habitantes de Winnipeg são bastante cínicos e cépticos. Temos que ir embora e voltar como filho pródigo e só depois eles poderão gostar de nós. Isto é uma forma complicada de dizer que eu acho que ninguém gosta muito de mim em Winnipeg. O pior que podes fazer é deixares-te expor em demasia. Se detectar qualquer tipo de presunção a cidade engole-te e cospe-te. Eu não dou muitas entrevistas nem tiro muitas fotografias. A maioria das pessoas nem sabe quem eu sou fisicamente. Esporadicamente, quando estreio um novo filme, saem alguns artigos e eu consigo sentir o ódio a percorrer a cidade.

IndieWIRE: Em A MÚSICA MAIS TRISTE DO MUNDO os dois irmãos Canadianos afirmam possuir diferentes identidades nacionais, Sérvia e Americana. Trata-se dum reflexo da identidade nacional Canadiana ou a falta dela?

Guy Maddin: É tipicamente Canadiano. São tantos os Canadianos que querem ser Americanos que muitos chegam mesmo a emigrar e tornar-se completamente Americanos. Igualmente comuns são pessoas que se reconciliam com os seus antepassados de há duas ou três gerações atrás e tornam-se étnicos activos. A América é referida como o “melting pot” e o Canadá intitula-se a si próprio como um mosaico cultural.

IndieWIRE: Winnipeg é mesmo o local mais triste do mundo?

Guy Maddin: Sem qualquer dúvida. Foi muito marcada pela Grande Depressão. É a cidade mais fria e escura do Norte da América.

IndieWIRE: Pode, de uma vez por todas, clarificar o mito que o declara o David Lynch do Canadá? Existe alguma relação para além de ambos criarem obras que lembram sonhos e apresentarem a Isabella Rossellini com perucas baratas?

Guy Maddin: Em primeiro lugar, fico contente de alguém falar de mim. Tem alguma legitimidade comparar o seu primeiro filme com o meu. Eu gostei mesmo muito de ERASERHEAD. Esse filme deu-me coragem para fazer filmes. O distribuidor do ERASERHEAD também distribuiu TALES FORM THE GIMLI HOSPITAL, o meu primeiro filme. São filmes diferentes, aliás ERASERHEAD é muito melhor. Quando o vi pensei: “Isto é a minha biografia. Como é que alguém leu a minha mente e a projectou num ecrã?”. Não consegui dormir nessa noite. O que me surpreendeu foi tratar-se dum filme de pouco orçamento, com actores sem provas dadas e mesmo assim ele não desanimou. Pelo menos sou comparado a alguém que admiro bastante.

IndieWIRE: Como foi trabalhar com Isabella Rossellini?

Guy Maddin: Ela era perfeita para o papel e nós pensámos nela enquanto escrevíamos o argumento. Foi uma honra poder falar com ela ao telefone e tentar convencê-la a vir até Winnipeg fazer um filme. Quando ela aceitou desatei a rir pois tinha conseguido enganá-la e convencê-la a vir em Fevereiro. Filmámos num estúdio sem aquecimento como em qualquer fábrica siderúrgica abandonada e foi o Inverno mais frio dos últimos anos.

IndieWIRE: Não foi esse o local de rodagem que usou para TWILIGHT OF THE ICE NYMPHS?

Guy Maddin: Não. Essa foi uma outra fábrica abandonada. Existem muitos edifícios abandonados em Winnipeg. Nós, na verdade, nunca recuperámos da “quinta-feira negra”, em Outubro de 1929.

IndieWIRE: E portanto todos sobreviveram à rodagem? Ninguém morreu de hipotermia?

Guy Maddin: Não, pelo contrário. Fez com que as pessoas se unissem. Todos os filmes precisam dum bode expiatório ou um inimigo em comum. Neste caso era o tempo, mais precisamente, o frio. As dificuldades devido às condições atmosféricas eram imensas pois estávamos sempre em interiores e nunca víamos a luz do dia, sempre com temperaturas negativas. A Maria de Medeiros chegou mesmo a passar um mau bocado. Ela é de Portugal onde 26º já é frio. Não estava preparada para Winnipeg. Demorou um pouco até que ficássemos amigos pois ela disse-me, durante a rodagem, que eu era o realizador com quem ela tinha trabalhado que mais lhe havia mentido. Acho que ela nunca vai voltar.

IndieWIRE: No passado comentava que tinha medo que os actores desviassem o filme do que pretendia com as suas performances. Sentiu esse medo quando começou a rodagem deste filme?

Guy Maddin: Sim, claro. Temia de morte que eles não conseguissem entrar no espírito e tornasse o filme pastiche. Felizmente funcionou.

IndieWIRE: Chester Ken difere de todos os protagonistas que já vimos nos seus filmes anteriores.

Guy Maddin: Quando eu e o co-argumentista, George Toles, estávamos a escrever pensámos em Billy Wilder no ACE IN THE HOLE com um pouco de Jimmy Cagney no YANKEE DOODLE DANDY. Aquele tipo de pessoas que independentemente das vezes que são derrubadas acabam sempre por reerguer-se. Queria ter um protagonista que fizesse com que o filme avançasse. Queria evitar o pastiche porque se tratava dum filme de época. Não queria que o tratassem como uma paródia ou sátira. Pedi ao Mark Mckinney para tratar a sua personagem como um papel dramático. Ele começou mal, num estilo de comédia em sketch porque eu lhe disse que tinha sido inspirado pelo James Cagney e penso que ele ficou possuído pelo seu espírito. Mas ele sabe o que faz e é um Canadiano com tão baixa auto-estima que bateu com a cabeça na parede, literalmente, até lá chegar.

IndieWIRE:Como lida com a sua própria tristeza e angústias? É um lema de vida?

Guy Maddin: Sempre que alguém me pergunta quais foram os momentos altos da minha vida, eu descrevo-os com uma qualidade mítica e normalmente refiro-me a tragédias familiares, os acontecimentos mais amargos. Parece-me que a melhor forma de os apresentar é tratá-los como comédia.

IndieWIRE: Portanto, entre a tristeza e o Prozac, o que escolhe?

Guy Maddin: A tristeza é o meu Prozac. Especialmente a autocomiseração. Não preciso que me aconteça mais nada na vida. Tenho bastante tristeza de reserva. Normalmente consigo deitar-me com uma boa memória “vintage” e ir bebendo dela ao longo da noite.

IndieWIRE: No filme é óbvio o comentário à forma como os Estados Unidos lidaram com a tristeza durante os anos 30 através da fuga providenciado por Hollywood e por tudo o resto. Qual é o comentário sobre os nossos tempos?

Guy Maddin: Hoje em dia há tantos filmes que são filtrados através do sistema de projecções em que se testa a adesão dos espectadores que há imensos filmes que acabam com maus finais. Não há muitas pessoas que tenham coragem de ser verdadeiramente cruéis com as personagens, de lhes dar o que elas realmente merecem, de lhes dar o que até mesmo os espectadores secretamente querem mas não o sabem.

IndieWIRE: Existem muitos tipos de personagem e temas em A MÚSICA MAIS TRISTE DO MUNDO que serão familiares aos espectadores dos seus filmes. Continua a regressar ao tema da rivalidade masculina porquê?

Guy Maddin: Um dos sentimentos mais fortes que senti na minha vida de jovem adulto foi uma intensa rivalidade masculina. Com um outro realizador, bastante viajado, chamado John Paizs. Era uma competição intensa em todas as frentes e um triângulo amoroso. Não consegui tirá-lo do meu sistema durante alguns anos. Na arte, esta rivalidade aparece normalmente amplificada pois quando estamos em agonia fazemos as maiores loucuras. Fiz GIMLI HOSPITAL nessa altura. É um filme sobre um triângulo amoroso entre dois tipos e uma rapariga morta. A dada altura percebi que havia retirado a rapariga da fórmula e mantido a rivalidade. Existe tanto ódio intenso que se alguém critica o nosso rival, nós iríamos protegê-lo porque ele é o nosso rival. É quase homossexual sem a sexualidade. Esse era o motivo que fazia com que eles estivessem constantemente em luta em GIMLI.

IndieWIRE: Continua com aquele problema neurológico que faz com que sinta que está sempre a ser tocado ou agarrado?

Guy Maddin: Sim. Chama-se “myoclonus”. Sinto como se estivessem cinco dedos a tocarem-me constantemente, seja na cabeça, nos genitais, na face ou orelhas. Acontece cerca de seis a sete vezes por minuto. Não magoa. O meu neurologista diz que eu vou estar assim até aos 99 anos e depois ficarei curado. Mas agora, ao tomar a medicação para não ter essas sensações, sinto que estou a ficar viciado porque se não a tomo começo a andar 15 cm antes do meu corpo, como se estivesse fora de mim. É como se estivesse a observar-me com olhos estrábicos. Deixa qualquer pessoa louca.

IndieWIRE: Existe algum paralelismo entre essa condição neurológica e os outros fantasmas que o assombram, os fantasmas da memória, o seu pai, que morreu jovem, ou o seu irmão, que cometeu suicídio?

Guy Maddin: Passo muito tempo com os meus fantasmas. Não tanto com o meu irmão porque eu só tinha sete anos quando ele morreu. Por exemplo, as mulheres misteriosas nos filmes são, muitas vezes, formas de contar a história tendo como inspiração filmes que eu gosto – VERTIGO – ou contos de fadas que aprecio. A minha tia Lil é um dos fantasma que tenho. Foi a minha segunda mãe. Acho que estava demasiado assustado com a morte dela quando estava a acontecer que concentrei a minha atenção numa mulher com quem me envolvi e tive um caso amoroso ridículo. Ainda tenho sonhos em que imploro perdão à minha tia por a ter ignorado enquanto ela se despedia do mundo. Mas ela é um fantasma muito benigno, perdoa-me sempre.

IndieWIRE:
Quando no filme A MÚSICA MAIS TRISTE DO MUNDO os vencedores de cada etapa escorregam para dentro dum tanque cheio de cerveja, só me lembrava do grande filme Canadiano STRANGE BREW...

Guy Maddin: Sim, talvez. Mas eu nem sequer vi o STRANGE BREW ainda. Inicialmente pensei que o filme pudesse ter como cenário uma distilaria e não uma fábrica de cerveja mas só a ideia de pensar em deslizar para dentro dum tanque de Gin não me pareceu tão atraente. Pensei que seria demasiado doloroso para algumas partes do corpo. Por isso mudei para cerveja. Fui o primeiro que teve de deslizar para dentro da cerveja para provar que não fazia mal. Correu bem mas não me apeteceu beber depois. Não me pareceu higiénico.”

JEREMY O’KASICK – INDIEWIRE


Uma iniciativa: Pintar o 7 - Cinema, Cidade, Cultura

Apoio: Mede Vinagre


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Próxima sessão, dia 20 Novembro 09: O Meu Filho Fanático, de Udayan Prasad

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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Cinemascópio: Ciclo Laços de Sangue – Hoje, 6ª feira: O Meu Irmão é Filho Único, de Daniele Luchetti




Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Laços de Sangue

SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 06 Novembro.2009 - 21H45

Mede Vinagre (antiga Casa Morgado)
Rua de Morgado de Mateus, nº51
4000-334 Porto

(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)


ENTRADA LIVRE


O Meu Irmão é Filho Único
Mio Fratello è Figlio Unico

Realizador: Daniele Luchetti

Com: Elio Germano, Riccardo Scamarcio, Angela Finocchiaro, Massimo Popolizio, Ascanio Celestini, Diane Fleri, Alba Rohrwacher, Vittorio Emanuele Propizio, Claudio Botosso, Antonino Bruschetta, Anna Bonaiuto, Luca Zingaretti, Pasquale Sammarco, Lorenzo Pagani, Matteo Sacchi, Gianluca Viola, Vincenzo Santillo, Alessandro Vicca.
Duração: 108 minutos

Idade: M/12
Género: Comédia / Drama
País de Origem: França, Itália
Ano: Cor, 2008


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Próxima sessão, dia 13 Novembro 09: A Canção Mais Triste do Mundo, de Guy Maddin


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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Cinemascópio: Ciclo Suspeita em Suspense - Próxima 6ª feira, 6 de Novembro: O Meu Irmão é Filho Único, de Daniele Luchetti



Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Laços de Sangue


SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 06 Novembro.2009 - 21H45

Mede Vinagre (antiga Casa Morgado)
Rua de Morgado de Mateus, nº51
4000-334 Porto

(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)


ENTRADA LIVRE


O Meu Irmão é Filho Único
Mio Fratello è Figlio Unico


Realizador: Daniele Luchetti


Com: Elio Germano, Riccardo Scamarcio, Angela Finocchiaro, Massimo Popolizio, Ascanio Celestini, Diane Fleri, Alba Rohrwacher, Vittorio Emanuele Propizio, Claudio Botosso, Antonino Bruschetta, Anna Bonaiuto, Luca Zingaretti, Pasquale Sammarco, Lorenzo Pagani, Matteo Sacchi, Gianluca Viola, Vincenzo Santillo, Alessandro Vicca.

Duração: 108 minutos

Idade: M/12
Género: Comédia / Drama
País de Origem: França, Itália
Ano: Cor, 2008

SINOPSE

Accio, um fascista susceptível, é a causa do desespero dos seus pais. Conflituoso, impulsivo e explosivo, arranja facilmente sarilhos, enfrentando cada batalha como se fosse uma guerra. O seu irmão, Manrico, é um comunista fascinante. É bonito, carismático, amado por todos, mas igualmente perigoso... No dia-a-dia de uma pequena cidade italiana nos anos 60 e 70, os dois irmãos lançam-se em crenças políticas opostas, estão apaixonados pela mesma mulher e, em permanente confronto, vivem um período das suas vidas pleno de fugas, retornos, conflitos e grandes paixões. É uma história sobre o crescimento de dois irmãos e 15 anos de história da Itália passam, enquanto vemos as vivências de Accio e Manrico, tão diferentes mas tão iguais...

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“A luta de classes, as querelas ideológicas, o calor da discussão política, são ingredientes com lugar de relevo na história do cinema italiano. Sem procurar necessariamente aí uma caução para O Meu Irmão É Filho Único, o realizador Daniele Luchetti encontrou, nas páginas do romance de Antonio Pennacchi, Il Fasciocomunista, uma história na qual toda esta escola narrativa se projectava numa outra característica de referência do cinema do seu país: o "clássico" conflito entre irmãos. Com argumento assinado pela dupla constituída por Sandro Petraglia e Stefano Rulli (os mesmos de A Melhor Juventude), O Meu Irmão É Filho Único acaba por se afirmar como um herdeiro natural de todas estas tradições.Com alguma razão, o realizador defende que este não é um filme político. Mas, antes uma história de irmãos que se envolvem na luta política. A acção decorre ao longo da década de 60, em Latina uma cidade criada em 1932 por Mussolini sobre antigos terrenos pantanosos. E em Latina encontramos uma família proletária. O filho mais velho, Manrico (interpretado por Riccardo Scamarcio), é um comunista convicto e trabalha numa fábrica. O mais novo, Accio (Elio Germano), mais dado aos livros que ao trabalho de braços, depois de abandonar o seminário ao sentir desejos menos próprios a quem visa o celibato, acaba seduzido pela doutrina oposta à que o irmão defende. Ignorado pela família, encarado pelos pais e irmãos (há uma irmã, pelo meio) como um fardo depois de frustrada a carreira no sacerdócio que todos viam como a melhor solução para uma casa de baixos rendimentos, Accio encontra amizade num vendedor de tecidos, assumido fascista, saudoso da Itália de Mussolini. O seu discurso e visões encantam o jovem, que rapidamente acaba inscrito numa célula política da região e começa a participar em acções. Em algumas delas entrando em conflito directo com o irmão mais velho. Sem tomar partido por qualquer das partes, centrando a atenção mais na conflituosa relação familiar que no debate de ideias, o filme abre contudo janelas de lucidez crítica perante os excessos característicos de alguns extremismos. E é hilariante o momento em que o Conservatório "ocupado" apresenta uma Ode à Alegria, de Beethoven, com letra "desfascistizada" (como a apresentam), onde não faltam referências aos grandes ideólogos do comunismo. Belíssima direcção de actores, ritmo intenso, e uma cuidada recriação da Itália de 60 garantem a verosimilhança a um conflito que não se esgota contudo no seu mais evidente tutano político. A música desempenha um papel importante na caracterização de época que o filme respeita. Através da utilização de vozes e êxitos característicos da Itália de então, a viagem no tempo é irrepreensível. Desde os anos 90, um dos efeitos mais significativos da "berlusconização" da sociedade italiana é a formatação televisiva: mais do que um modelo de programação, o divertimento acéfalo transformou-se numa filosofia existencial e numa moral colectiva, todos os dias empenhada no esvaziamento do indivíduo e da sua dignidade. Para o perceber, basta ver O Caimão (2006), de Nanni Moretti. Obviamente, não se trata de uma questão que se possa reduzir à gestão de Silvio Berlusconi (nem sequer é um problema meramente italiano, como bem sabemos). Já antes de tudo isso, a obra de um cineasta como Federico Fellini estava cheia de sinais de desencanto face à mediocridade galopante da televisão: basta citar esse filme terminal que é Ginger e Fred (1986). Vale a pena voltar a lembrar tudo isso a pretexto de O Meu Irmão É Filho Único. Se outros méritos não tivesse, o filme de Daniele Luchetti bastaria para mostrar que a normalização televisiva, apesar da sua violência social e simbólica, não conseguiu destruir a vitalidade de um cinema que se mantém fiel às suas mais nobres tradições: e a primeira que aqui emerge, em todo o seu esplendor humano (e humanista), é a do género melodramático. Ao filmar o drama de dois irmãos separados pelas crenças ideológicas, um fascista, outro comunista (espantosas interpretações de Elio Germano e Riccardo Scamarcio), Luchetti consegue traçar um elucidativo retrato das convulsões sociais na Itália dos anos 60/70. O impacto emocional de tal retrato depende, no essencial, da preservação dos valores do melodrama familiar, sendo o primeiro e inalienável desses valores o respeito pela singularidade individual (justamente o oposto daquilo que, todos os dias, nos é imposto pela reality TV). Há poucos dias, com a morte de Dino Risi, desapareceu um dos últimos realizadores da idade de ouro desse cinema italiano que sempre soube olhar de frente os factos e contradições do seu próprio país: Luchetti é um legítimo e brilhante herdeiro de tal tradição. Num Verão dominado pelo ruído promocional de Sexo e a Cidade, os grandes sentimentos e emoções vêm de Itália. Incluindo o sexo, se é que é importante referi-lo.»


João Lopes, in DN 19 Jun’08, http://www.cineclubeguimaraes.org/filme.php?id=2730



Uma iniciativa: Pintar o 7 - Cinema, Cidade, Cultura

Apoio: Mede Vinagre


CONTAMOS COM A VOSSA PRESENÇA!


Próxima sessão, dia 13 Novembro 09: A Canção Mais Triste do Mundo, de Guy Maddin

www.pintarosete.blogspot.com

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Cinemascópio: Novo Ciclo Temático já na próxima 6ª feira – Laços de Sangue –no Mede Vinagre





Caros Amigos,

Na próxima 6ª feira, dia 6 de Novembro, o Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos inicia um novo Ciclo, Laços de Sangue.

Será então esta a programação para o mês de Novembro de 2009:

Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos
Laços de Sangue


Novembro 2009

ENTRADA LIVRE

1º- O Meu Irmão é Filho Único, de Daniele Luchetti (06/11)

2º - A Canção Mais Triste do Mundo, de Guy Maddin (13/11)

3º -O Meu Filho Fanático, de Udayan Prasad (20/11)

4º - 8 Mulheres, de François Ozon (27/11)


Uma iniciativa: Pintar o 7 - Cinema, Cidade, Cultura

Apoio: Mede Vinagre


CONTAMOS COM A VOSSA PRESENÇA!


Próxima sessão, dia 06 Outubro 09: O Meu Irmão é Filho Único, de Daniele Luchetti


pintar.sete@gmail.com

http://www.casamorgado.blogspot.com/