terça-feira, 23 de junho de 2009

Cinemascópio: Ciclo Gente, Cidades: Vidas - Próxima 6ªf, 26 Junho: Os Dias da Rádio, de Woody Allen



Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Gente, Cidades: Vidas


SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 26 Junho.2009 - 21H45

A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural

Rua de Morgado de Mateus, nº41
4000-334 Porto

(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)

ENTRADA LIVRE

Os Dias da Rádio
Radio Days

Realizador: Woody Allen
Com: Mia Farrow, Diane Keaton, Jeff Daniels, Dianne Wiest, Danny Aiello, Mike Starr, Seth Green, Josh Mostel, Tito Puente, Todd Field, W. H. Macy, Woody Allen (voz)

Duração: 85 minutos, Cor
Classificação: M/12
Género: Comédia
País de Origem: EUA
Ano: 1987

SINOPSE

Os Dias da Rádio, de Woody Allen, é um retrato “profusamente nostálgico” do estrelato dos anos 40, em que as primeiras memórias cómicas de um rapaz, provenientes da idade de ouro da rádio, são utilizadas para tecer uma fantástica história simultaneamente cómica e afectuosa. Bem cuidado e “recheado de pormenores”, Os Dias da Rádio é um dos mais encantadores elogios alguma vez feitos por um realizador a um tempo passado.
Enquadrado pelas estranhas histórias radiofónicas acerca de batalhas sangrentas e criaturas deslumbrantes, Joe Needleman, de 10 anos, anseia por aventuras e sonha com o dia em que irá ver espiões inimigos, submarinos alemães – ou mesmo a sua professora vestindo pouco mais que um sorriso. Mas enquanto a vida de Joe está recheada de fantasias com as vozes da rádio, as pessoas reais têm fantasias próprias. À medida que as estrelas nascem e as carreiras fracassam, a nação prossegue o seu caminho, e só uma coisa é realmente certa: Os dias da rádio podem estar a acabar… mas a magia das recordações de Joe irá durar sempre.

(contracapa da edição do filme em DVD, Metro Goldwyn Mayer)





“A América preparava-se para entrar na guerra e combater as forças do eixo. A população, descrente e abatida, precisava de heróis e, numa época em que a televisão ainda estava longe de ser uma realidade, era a rádio que entrava em casa da população americana e lhes oferecia o escapismo, sonhos, e ilusões. Woody Allen voltou-se para trás e recordou, com toda a melancolia e romantismo, a sua infância em Brooklyn, naquele que é muito provavelmente um dos seus filmes mais ambiciosos e, certamente, dos mais belos. À medida que alterna entre as pequenas histórias de uma pobre família nova-iorquina e episódios caricatos na vida das celebridades mais cintilantes da rádio, Allen conduz-nos numa viagem terna a uma época e a um país muito peculiares ao mesmo tempo que analisa, de forma crítica e sempre bem humorada, a relação do povo com o ideal do sonho americano.

Os Dias da Rádio, muitas vezes referido como o Amarcord de Woody Allen, é em certa medida um filme único na sua filmografia, já que é dos que em termos narrativos mais se afastam do seu habitual estilo. Por outro lado, será impossível que os fãs do realizador não se apercebam da sua assinatura, logo desde a primeira cena – absolutamente hilariante, que desvenda de imediato o tom e o carácter episódico da narrativa. Dois anos antes deste filme, Allen já nos havia apresentado A Rosa Púrpura do Cairo, onde nesse caso através do cinema abordava um tema semelhante, de forma subtilmente diferente. Nesse caso, não era a Guerra Mundial, mas sim a Grande Depressão que servia de pano de fundo a uma análise mais profunda à relação da de um país com as celebridades, a arte e o espectáculo. E, recordemos ainda anteriormente, com Zelig, Allen ofereceu-nos mais uma mordaz sátira disfarçada de conto bizarro com laivos kafkianos sobre o mesmo tema. Mas o genial autor é capaz das mais inteligentes e subtis abordagens sem nunca perder o rumo ou o seu apuradíssimo sentido cinematográfico.
Ainda assim, talvez a par com A Rosa Púrpura do Cairo e Manhattan, Os Dias da Rádio é um dos seus filmes mais sentimentais, onde se nota com relativa facilidade a presença do coração do realizador em cada cena, em cada plano, e na relação com cada tema musical. Allen não surge aqui como actor, mas dá voz à narração da história, o que nos leva facilmente a perceber estar na presença de uma obra extremamente pessoal, ainda que o autor sempre tenha sido lesto a rejeitar semelhanças entre a sua obra e a sua vida pessoal. Esse tom melancólico e doce não se espelha apenas no tom da sua voz enquanto narrador, mas também na forma como evoluem as relações entre as personagens no seio da família que, embora pobre e recheada de personalidades peculiares, se junta por exemplo na noite de passagem de ano para festejar em conjunto. Por outro lado, apesar da ironia com que nos apresenta as celebridades da rádio – em particular de Sally (Mia Farrow) e a sua luta por um lugar ao sol entre as estrelas – nunca esquece os sonhos, a companhia e o divertimento que estes lhe ofereceram ao longo da infância.

Não se estranha, portanto, que para evocar memórias tão queridas e próximas, Allen tenha escolhido dar corpo ao seu elenco através de um enorme grupo de actores, cujos rostos facilmente reconhecemos de filmes anteriores e posteriores, fazendo desta obra uma espécie de reunião de amigos, contribuindo assim para o tom acolhedor e comovente do filme. De Tony Roberts, a Jeff Daniels, passando por Dianne Wiest, Julie Kavner, Wallace Shawn e, claro, Diane Keaton e Mia Farrow, todos marcam a sua presença num dos melhores filmes da brilhante carreira de Woody Allen. Depois, com uma selecção musical tão precisa, uma direcção artística absolutamente primorosa, um trabalho exemplar no guarda-roupa e, especialmente, uma honestidade para com as memórias de uma época há muito perdida, o filme tem o condão de nos acertar em cheio no coração.”

Paulo Costa
http://cinept.blogspot.com/2006/06/os-dias-da-rdio-radio-days-1987.html

Uma iniciativa: Pintar o 7 - Cinema, Cidade, Cultura

Apoio: A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural

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Próxima sessão, dia 03 Julho 09: Cinemascópio ao Ar-Livre: Reposições (filme a definir)



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sexta-feira, 19 de junho de 2009

Cinemascópio: Ciclo Gente, Cidades: Vidas – Hoje, 6ªf: Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock




aqui deixamos também um pequeno documentário sobre o filme:





Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Gente, Cidades: Vidas

SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 19 Junho.2009 - 21H45

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Rua de Morgado de Mateus, nº41
4000-334 Porto

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ENTRADA LIVRE

Janela Indiscreta
Rear Window

Realizador: Alfred Hitchcock
Com: James Stewart, Grace Kelly, Wendell Corey, Thelma Ritter, Raymond Burr, Judith Evelyn, Ross Bagdasarian, Georgine Darcy, Sara Berner, Frank Cady, Jesslyn Fax, Rand Harper

Duração: 109 minutos, Cor
Classificação: M/12
Género: Clássico, Crime/Policial, Drama, Romance, Thriller
País de Origem: EUA
Ano: 1954

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quarta-feira, 17 de junho de 2009

Cinemascópio: Ciclo Gente, Cidades: Vidas - Próxima 6ªf, 19 Junho: Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock



Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Gente, Cidades: Vidas


SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 19 Junho.2009 - 21H45

A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural

Rua de Morgado de Mateus, nº41
4000-334 Porto

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Janela Indiscreta
Rear Window

Realizador: Alfred Hitchcock
Com: James Stewart, Grace Kelly, Wendell Corey, Thelma Ritter, Raymond Burr, Judith Evelyn, Ross Bagdasarian, Georgine Darcy, Sara Berner, Frank Cady, Jesslyn Fax, Rand Harper

Duração: 109 minutos, Cor
Classificação: M/12
Género: Clássico, Crime/Policial, Drama, Romance, Thriller
País de Origem: EUA
Ano: 1954

SINOPSE
Quando o fotógrafo profissional L. B. ´Jeff` Jeffries se vê obrigado a permanecer numa cadeira de rodas com uma perna partida, nasce nele uma obsessão pela observação dos dramas privados dos seus vizinhos do outro lado do pátio. Quando suspeita que um vendedor possa ter assassinado a esposa devido ao seu mau feitio, Jeffries pede ajuda à sua deslumbrante namorada, conhecida nos meios chiques da sociedade, para investigar a cadeia de acontecimentos altamente suspeitos... acontecimentos esses que, em última instância, conduzem a um dos finais mais inesquecíveis e arrebatadores da história do cinema.

http://www.cineteka.com/index.php?op=Movie&id=001909


Janela Indiscreta
O olho mágico de um voyeur profissional


L.B. Jeffries é um fotógrafo reconhecido, mas num acidente de trabalho partiu uma perna e agora está imobilizado. A sua única distracção resume-se a espreitar, pela janela, a vida dos vizinhos. Mas eis que a suspeita de um assassínio no prédio em frente dá início a uma investigação empolgante, onde se questiona o voyeurismo – de Jeffries, do espectador e do próprio Hitchcock
Se espreitar a vida e a intimidade dos outros é algo frequente nos filmes de Alfred Hitchcock, não é menos verdade que o cineasta o faz questionando sempre as intenções e as consequências dessa prática. Até que ponto, afinal, o voyeurismo pode ser um acto inocente, eventualmente solidário, ou um exercício egocêntrico, sem respeito pelo outro? Em Janela Indiscreta/Rear Window (1954), o mestre do suspense põe o dedo na ferida. Hitchcock filma a vida que existe “do outro lado do pátio”, a partir da janela – e também do olhar – do fotógrafo L.B. Jeffries (James Stewart), imobilizado no seu apartamento, com uma perna engessada, por causa de um acidente de trabalho.
“O que se vê na parede do pátio é uma quantidade de pequenas histórias, é o espelho de um pequeno mundo”, disse o realizador para justificar o interesse de Janela Indiscreta, nomeado para o Oscar de melhor realizador, argumento, fotografia e som. (…)
Explica-se (…) que um dos objectivos de Hitchcock em Janela Indiscreta era fazer uma “rodagem subjectiva”, situando o público no “espírito da personagem”. O escritor e biógrafo do cineasta, Bruno Villien, vai mais longe e afirma: “O voyeurismo do público faz eco ao do criador. É, em princípio, o cineasta que espia as suas criações, faz com que estas sofram, filma-as para deleite dos espectadores.”
Inicialmente, Hitchcock tinha a intenção de filmar edifícios reais, mas a má iluminação dos exteriores obrigou-o a rodar o filme num plateau, que incluía os 30 apartamentos que L.B. Jeffries avista da sua janela. Este foi um dos maiores cenários construídos pela Paramount até então e, como realça o realizador francês François Truffaut, serviu para Hitchcock filmar “uma visão desencantada da conciliação entre os sexos”. Enquanto o casal Jeffries e Lisa (interpretada pela actriz fetiche de Hitchcock, a bela Grace Kelly) se debate com diferenças sociais e de carácter, do outro lado do pátio o desentendimento entre um vendedor de amostras e a sua mulher acamada pode ser o motivo para um assassínio...
Janela Indiscreta baseou-se no conto policial It Had to be Murder, do americano Cornell Woolrich. Adaptada para cinema pelo argumentista John Michael Hayes, a história original tinha apenas 40 páginas. Hitchcock resume-a assim: “(...) o assassino, ao sentir-se descoberto, queria matar o herói desde o outro lado do pátio com um revólver. Mas o herói conseguia erguer com o braço um busto de Beethoven, colocando-o de perfil na janela. Era Beethoven quem recebia finalmente o tiro.”
Embora diferente, o final de Janela Indiscreta é igualmente surpreendente. Além do mais, como afirma Truffaut, o que torna este filme especial “não são os horrores que James Stewart avista da sua janela, mas o espectáculo das fraquezas humanas.”

Público, http://static.publico.clix.pt/coleccoes/hitchcock/02_janela.asp

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terça-feira, 16 de junho de 2009

Cinemascópio: Ciclo de Reposições ao Ar-Livre no mês de Julho

Caros Amigos,


O Cinemascópio – Ciclos de Cinema Temáticos decorrerá, durante o mês de Julho, ao ar - livre, no jardim d’ A Cadeira de Van Gogh.

A Associação PINTAR O 7 – Cinema, Cidade, Cultura aproveitará para reexibir, no mês de Julho, alguns dos filmes que compuseram os Ciclos Temáticos desde Julho de 2008 até ao fim do presente Ciclo (Junho 2009).

O público do Cinemascópio terá, desta forma, a oportunidade de rever os filmes que mais lhe agradaram ou mesmo de assistir àqueles, que por qualquer razão, não teve a hipótese de ver na altura em que foram exibidos pela primeira vez.

Basta, para isso, votar em 5 filmes para a programação de Reposições no mês de Julho.

Para a PINTAR O 7 a vossa opinião é fundamental!

Quais os 5 filmes que gostariam de ver/rever no Cinemascópio - Cinema ao Ar – Livre?






Se preferirem, poderão igualmente proceder à votação em formato de papel nas nossas sessões, às 6ªs feiras.

A votação irá decorrer até às 23H59 do dia 29 de Junho, sendo que os resultados finais (somatório total das votações on-line e das votações em formato de papel) serão divulgados no dia 30 de Junho.
Os cinco filmes mais votados serão exibidos a partir do dia 3 de Julho, às sextas-feiras, n’ A Cadeira de Van Gogh.

Contamos com a vossa colaboração! :)

Um abraço e até breve,

Pintar o 7

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Cinemascópio: Ciclo Gente, Cidades: Vidas – Hoje, 6ªf: Chungking Express, de Wong Kar-Wai



Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Gente, Cidades: Vidas


SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 12 Junho.2009 - 21H45

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Rua de Morgado de Mateus, nº41
4000-334 Porto

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Chungking Express
Chungking Express

Realizador: Wong Kar-Wai
Com: Brigitte Lin, Tony Leung, Chiu Wai, Faye Wong, Takeshi Kaneshiro, Valerie Chow, Chen Jinquan, Lee-na Kwan, Huang Zhiming, Liang Zhen, Zuo Songshen

Duração: 98 minutos, Cor
Classificação: M/12
Género: Comédia, Drama, Romance
País de Origem: Hong-Kong
Ano: 1994

Uma iniciativa: Pintar o 7 - Cinema, Cidade, Cultura

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terça-feira, 9 de junho de 2009

Cinemascópio: Ciclo Gente, Cidades: Vidas - Próxima 6ªf, 12 Junho: Chungking Express, de Wong Kar-Wai


Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Gente, Cidades:Vidas



SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 12 Junho.2009 - 21H45



A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural

Rua de Morgado de Mateus, nº41

4000-334 Porto

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Chungking Express

Chungking Express


Realizador: Wong Kar-Wai

Com: Brigitte Lin, Tony Leung, Chiu Wai, Faye Wong, Takeshi Kaneshiro, Valerie Chow, Chen Jinquan, Lee-na Kwan, Huang Zhiming, Liang Zhen, Zuo Songshen



Duração: 98 minutos, Cor

Classificação: M/12

Género: Comédia, Drama, Romance

País de Origem: Hong-Kong

Ano: 1994



SINOPSE

Deslumbrante como um fogo-de artifício. Um filme a descobrir e a admirar. - Manuel Cintra Ferreira, Expresso.

Um dos filmes mais marcantes dos anos 90. - Vasco Câmara, Público.

A história começa na noite de 30 de Abril para 1 de Maio de 1994 em Chungking House, um labiríntico complexo comercial de Hong-Kong. Uma mulher chinesa de peruca loira tenta recuperar alguma heroína que se encontra entre as coisas de um grupo de paquistaneses, para fazer passar as drogas para fora do país. A data de 1 de Maio marca também um mês desde que o agente da polícia nº 223, vigilante daquele local, foi abandonado pela sua namorada. Ele jura apaixonar-se pela primeira rapariga que entrar pela porta do centro comercial: é a traficante loira que aparece...
Num restaurante de fast-food, Faye, uma jovem irrequieta, ouve a canção que está nos tops, "California Dreaming". Um outro polícia, cliente habitual, acabou de perder a namorada, que depositou a chave do seu apartamento no restaurante. Faye apodera-se da chave e vai penetrando secretamente no apartamento do polícia para perturbar a sua ordem doméstica.

http://www.cineteka.com/index.php?op=Movie&id=001909





O mundo encontra-se catalogado e arrumado em prateleiras psicológicas e teóricas. É pena, mas por vezes necessário. E o cinema não é diferente. Se tivermos de definir categorias base de filmes, temos os filmes maus, os médios, os bons filmes e dentro da categoria das cinco estrelas temos os filmes geniais; depois só mesmo os filmes de culto e as obras-primas. Chungking Express reúne estas duas últimas.

*


Pelas ruas apinhadas, quartos apertados e bares solitários de Hong-Kong deambulam histórias de abandono, tristeza e amor. São pessoas iguais a tantas outras, mas são também misteriosas e únicas, com algo especial para nos revelar. Desde paixões por ananás em lata, peluches, músicas em altos berros e hospedeiras de bordo, há de tudo. O motivo, esse, é sempre o mesmo: encontrar um rumo, se possível ao lado de alguém.

Os prémios já não interessam a “Chungking Express”. Drama, mistério e romance pleno de ironia, amargura e esperança; o filme possui já o seu lugar de destaque e por lá permanecerá por muito tempo. Porque a sua mensagem, feita das várias que sucintamente as personagens nos vão oferecendo, é pura e comovente, acima de tudo inspiradora: os revezes na vida de cada um acabam sempre por acontecer, mas nunca para sempre...

Duas histórias em paralelo e com um ponto em comum, um pequeno snack -bar onde os seres solitários vêm pedir cachorros, pizzas, saladas, colas e fazer uns quantos telefonemas.


He Zhiwu, Cop 223
Se a minha memória dela tiver data de validade, que expire só daqui a 10.000 anos...


Nos Estados Unidos foram o apoio e promoção de Tarantino que fizeram crescer o filme junto do público. Pela Europa a divulgação fez-se pelos caminhos habituais das “reviews” de meia-dúzia de afortunados iluminados que aproveitavam as micro-sessões disponíveis e iam passando a mensagem. O real volume de adeptos foi surgindo e crescendo com as transmissões nas televisões e alugueres nos clubes de vídeo.

O raro merchandising, como a banda-sonora original, também ajudaram ao culto (em Portugal, por exemplo, o CD só está disponível por pedido expresso e pelos trâmitos normais de uma “import”, caso contrário...).


E é também na música que o filme demonstra um dos marcos fortes com que Kar-Wai cunha sempre os seus filmes: as músicas repetitivas e incessantemente recorrentes. Os dois casos-chave de “Chungking Express” (e note-se a curiosa repetição nos nomes) são “California Dreamin’”, dos The Mamas and Papas, e “Dreams”, dos The Cranberries. Esta última surge-nos cantada em cantonês pela própria Faye Wong, o mesmo sucedendo à sublime “Know Who You Are at Every Age”, dos Cocteau Twins.

Pelo meio temos dois polícias que nos ensinam várias técnicas de sobrevivência. Um prefere correr para não ter de chorar, porque desse modo esgota e seca toda a água do corpo; O outro segue uma vida regada de memórias recuperadas a toda a hora e deixa o choro para a própria casa, enquanto vai falando com panos do chão e peças de roupa...

“Chungking Express” é poesia em estado fílmico. Um fabuloso exercício estético que não subverte o que tem para dizer, muito pelo contrário. Por mais vezes que se veja o filme haverá sempre alguma coisa a retirar dele que não se tinha notado da última. O cruzamento das várias personagens nos mais variados cenários é apenas uma parte do jogo que se vai descobrindo. E o momento desses encontros fugazes não são despropositados...

Este magnífico Expresso do Oriente em formato película não tem linha definida, o trajecto passa rente a coincidências que nunca o parecem ser por acaso e o cartaz para onde todos olham, de dia ou nos seus sonhos, repete-se: a paixão, o amor, a fuga à solidão, a partilha.

Na técnica também “Chungking Express” apertou os olhos de muitos espectadores. Os saltos em stop-motion e os movimentos irregulares e agitados de “câmara na mão” sacodem na abordagem visual, sempre enérgica e vibrante; Dizem uns que é difícil de acompanhar, correcto será dizer diferente, mas a verdade é que cada perseguição do jovem polícia ou da misteriosa mulher oriental de peruca nos passa da retina para a memória e dos meandros do córtex não sairá mais.

O trabalho de cinematografia com Christopher Doyle merece especial destaque, sobretudo porque não foram raras as adaptações e reutilizações do estilo para inúmeras sessões de fotografia nas mais famosas revistas a viajar por esta aldeia global.


Estreado no Festival de Locarno, na Suiça, em 1994, seria apenas dois anos depois que o filme chegaria a Portugal, em Abril de 96. O período necessário para a decifração do filme e sua comunicação “bouche-à-oreille”, contudo, parece ser trabalho de artífice; tem levado tempo; mas se de início não passava da categoria de “filme estranho e pseudo-intelectualóide”, agora assume-se já como obra-prima e filme de culto de uma profundidade inspiradora. Quem comprou o DVD exibe-o já naquela prateleira do móvel da sala que matematicamente se coloca sempre à frente dos olhos de quem entra. E tem todas as razões para isso.

Com “Chungking Express” Wong Kar-Wai assina a sua obra mais emblemática até ao momento, oferece-nos várias histórias de sobrevivência e tem ainda tempo para nos fazer esboçar alguns sorrisos. Cada personagem está carregada de uma profunda densidade e até aquelas que nunca ou raramente falam (e.g. o ocidental de cabelo grisalho do bar e a sua amante chinesa) nos comunicam alguma coisa. O mais estranho é que nem sempre é perceptível e imediata a mensagem; por vezes fica-se com uma certa “impressão”, mas raramente Kar-Wai nos abandona, antes nos deixa como às suas personagens, a procurar cada uma a sua saída.

Um filme de culto elevado aos altares do cinema dos anos 90. Imagens em cores vivas, cruas e quentes que são postais ilustrados e quadros vivos. E os pensamentos das personagens masculinas a repousar nos silêncios maravilhosos e misteriosos das mulheres que ambicionam, tenham elas óculos escuros e revólveres ou simplesmente uma mala e um bilhete de avião.

A cada 10 anos aparece um filme assim. Com “Pulp Fiction” os anos 90 receberam dois. E que dois!...


Ricardo Jorge Tomé,

http://www.rtp.pt/programas/index.php?article=334&visual=4&area=sugestoes



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sexta-feira, 5 de junho de 2009

Cinemascópio: Ciclo Gente, Cidades: Vidas – Hoje, 6ªf: O Meu Tio, de Jacques Tati




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Ciclo Gente, Cidades: Vidas


SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 05 Junho.2009 - 21H45

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O Meu Tio
Mon Oncle

Realizador: Jacques Tati
Com: Jean Pierre Zola, Adrienne Servatie, Jacques Tati, Jean-Pierre Arpel, Alain Becourt, Lucien Fregis, Dominique Marie

Duração: 111 minutos, Cor
Classificação: M/6
Género: Comédia
País de Origem: França
Ano: 1958

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quarta-feira, 3 de junho de 2009

Cinemascópio: Ciclo Gente, Cidades: Vidas - Próxima 6ªf, 05 Junho: Mon Oncle, de Jacques Tati


Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Gente, Cidades:Vidas



SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 05 Junho.2009 - 21H45



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Rua de Morgado de Mateus, nº41

4000-334 Porto

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O Meu Tio


Mon Oncle

Realizador: Jacques Tati

Com: Jean Pierre Zola, Adrienne Servatie, Jacques Tati, Jean-Pierre Arpel, Alain Becourt, Lucien Fregis, Dominique Marie



Duração: 111 minutos, Cor

Classificação: M/6

Género:
Comédia

País de Origem: França

Ano: 1958


SINOPSE

O senhor e a senhora Arpel têm uma casa moderna num quarteirão asséptico. Eles têm tudo, conseguiram tudo, na casa deles é tudo novo: o jardim é novo, a casa é nova, os livros são novos. Neste universo tão confortável, tão "clean", tão "hich-tech", tão bem programado, o humor, os jogos e a sorte não têm lugar. E o filho Gérard aborrece-se de morte. É então que irrompe na sua vida o irmão da senhora Arpel, o tio, o Sr. Hulot (Jacques Tati). Personagem inadaptada, habituada ao seu mundo caloroso, vai, para delírio do sobrinho, virar tudo de pernas para o ar.

http://cinecartaz.publico.clix.pt/filme.asp?id=18921



O Meu Tio

O Sr. Hulot chega à cidade

Quatro anos depois da reposição de "Playtime", eis Jacques Tati de novo nas salas: "O Meu Tio", de 1958. Como noutras ocasiões é imprescindível louvar a reposição, tanto mais que, apesar de alguns sinais positivos nos últimos anos, em Portugal ainda não se recuperou um ritmo regular para as reposições de títulos antigos - e isto anda tão fraquinho que bem podia haver uma por semana.

"O Meu Tio", sem chegar ao extremo de "Playtime" (que, recorde-se, constituiu um tal "flop" que Tati passou o resto da vida a pagar dívidas), também se trata de um filme muito mais apreciado "a posteriori" do que pelos seus contemporâneos. Menos porque os seus contemporâneos fossem cegos ou idiotas do que pelo dimensão "em construção" da obra do cineasta francês, sobretudo até "Playtime". De "Há Festa na Aldeia", ainda nos anos 40, a "Playtime", em 1967, há uma progressão lógica, constante (e ao mesmo tempo surpreendente), que só fica iluminada quando se chega ao fim do ciclo. O futuro aclara o passado, como é costume no cinema, e "Playtime" é o "farol" cuja luz atribui à obra de Tati, aos filmes anteriores como aos (poucos) filmes posteriores, o seu derradeiro e mais unificador sentido. O que é particularmente verdade no caso de "O Meu Tio", sobretudo por nele se começarem a vislumbrar os primeiros sinais do que Tati tentaria em "Playtime". Há alguma tendência, por isso, para considerar "O Meu Tio" como um "filmeetapa", um borrão, um balão de ensaio, onde se deve valorizar acima de tudo o que já aponta para o filme de 1967. Que "O Meu Tio" é um "filme-etapa", certamente, mas no sentido em que são todos os filmes de Tati vistos no contexto da obra. E, dada a posição "axial" que ocupa nesse contexto, "O Meu Tio" até é um filme onde o passado, a obra precedente, conta tanto como o futuro e a obra posterior. É o filme da entrada na cidade, para o pôr assim simplesmente. "Há Festa na Aldeia" e "As Férias do Senhor Hulot" eram filmes de campo, e se a cidade já aparecia no segundo através dos veraneantes citadinos ainda se relevava apenas pela sua matéria humana e social, como conjunto de hábitos, tiques e idiossincrasias das classes médias urbanas. "O Meu Tio" introduz a cidade como cenário, não na forma "total" a que Tati chegaria em "Playtime" mas, um passo de cada vez, através do reduto doméstico - a casa da família Arpel, cujos mobiliário e "gadgets" correspondem a uma primeira instância da impressão de uma ordem (que se pretende) "mecânica" que Tati associa ao espaço urbano. Sublinhando o movimento que é o efectuado pelo próprio Tati do campo para a cidade, a família Arpel podia ser uma das famílias de "As Férias do Sr Hulot" uma vez regressada a casa, e há neles, nos Arpel, uma "plenitude" de personagens que se tornará impossível no universo pulverizado e desconjuntado de "Playtime".

Esse movimento campo/cidade é marcado ainda de outra maneira. Há duas cidades em "O Meu Tio", a antiga (de onde emerge Hulot), rústica, "popular", e a moderna (onde vivem os Arpel), sofisticada, "elitista". A primeira é uma espécie de "persistência" do campo e da ruralidade, uma aldeia em ponto grande, a segunda um espaço de onde qualquer memória desse (ou doutro) tipo foi apagada, visto que só existe o "contemporâneo" e o "moderno". E este, de certa maneira, é o confronto essencial de "O Meu Tio", e um dos seus principais conflitos "poéticos" (o outro, obviamente, é de carácter antropológico mais puro e mais abstracto: os humanos em ambiente mecanizado, surpreendidos pela teimosa persistência da sua humanidade). Embora as duas cidades possam ser unidas por um movimento de câmara, não há verdadeira comunicação nem circulação, são sempre dois mundos distintos, estanques, um mundo em vias de ser apagado pelo outro. Os únicos que circulam e passam à vontade de um mundo para o outro são Hulot, agente do caos, e um grupo de miúdos e de cães que periodicamente mobilizam a câmara de Tati ou lhes cruzam os enquadramentos. Hulot, as crianças e os animais: em "O Meu Tio" equiparam-se, são uma espécie de memória, uma lembrança de uma liberdade e de uma vida "antigas". Que aqui ainda têm um "décor" (espécie de evocação neo-realista, nalguns planos singularmente desolada) mas cujos equivalentes em "Playtime" (as floristas, os pedreiros) já não terão, remetidos para cantos e esquinas da grande paisagem urbana.

Entre a nostalgia e uma aceitação mais ou menos melancólica do "presente" nasce o magistral burlesco de "O Meu Tio". A desarrumação da ordem, a orquestração da desordem. Do "gag" minimalista ao maximalista, "O Meu Tio" contém alguns dos mais clássicos momentos do humor "tatiano". É começar a contá-los. Não há nada de remotamente parecido com isto em lado nenhum, o burlesco (e toda a comédia, se calhar) é uma tradição morta.”

Por: Luís Miguel Oliveira (PÚBLICO)

http://cinecartaz.publico.clix.pt/criticas.asp?id=18921&Crid=1&c=4162





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Próxima sessão, dia 12 Junho 09: Chungking Express, de Wong Kar-Wai







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terça-feira, 2 de junho de 2009

Cinemascópio: Novo Ciclo Temático já na próxima 6ª feira – Gente, Cidades: Vidas





Caros Amigos,

Na próxima 6ª feira, dia 5 de Junho, o Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos inicia um novo Ciclo, Gente, Cidades: Vidas.

Será então esta a programação para o mês de Junho de 2009:

Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Gente, Cidades: Vidas

1º- Mon Oncle, de Jacques Tati (05/06)

2º - Chungking Express, de Wong Kar-Wai (12/06)

3º - Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock (19/06)

4º - Os Dias da Rádio, de Woody Allen (26/06)



Esperamos por vós n'

A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural
Rua de Morgado de Mateus, nº41
4000-334 Porto

(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)

ENTRADA LIVRE



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