segunda-feira, 10 de maio de 2010

Cinemascópio: Ciclo "Uma Cidade… Santa como as outras" - Próxima 6ª feira, 14 de Maio: Ladrões de Bicicletas, de Vittorio de Sica



Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Uma Cidade… Santa Como as Outras


SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 14 Maio.2010 - 22H00

Maria Vai com as Outras

Rua de Almada, nº443
Porto

ENTRADA LIVRE

Ladrões de Biicletas
Ladri Di Biciclette

Realizador: Vittorio De Sica

Com: Lamberto Maggiorani, Enzo Staiola, Lianella Carell, Gino Saltamerenda, Vittorio Antonucci
Duração: 85 min.
Idade: M/12
Género: Drama
País de Origem: Itália
Ano: 1948, P/B

SINOPSE
Roma. Anos duros do pós-guerra. Fome, miséria e desemprego. António Ricchi procura trabalho, qualquer um. Depois de muitas tentativas, surge-lhe um emprego como afixador de cartazes publicitários nas ruas de Roma. António sente-se feliz, assim como a mulher e o filho. No entanto, um dia um ladrão rouba-lhe a bicicleta. António fica desesperado porque sem ela não pode trabalhar. Está de tal maneira perdido que pede ajuda aos amigos e ao filho para recuperá-la.

http://www.dvdpt.com/l/ladroes_de_bicicletas.php


LADRÕES DE BICICLETAS

Realizado em 1948 por Vittorio De Sica, "Ladri di Biciclette" é um marco cinematográfico, exemplo maior do "neo-realismo" italiano.
Drama italiano realizado em 1948 por Vittorio De Sica e interpretado por Lamberto Maggiorani, Enzo Staiola e Lianella Carell, "Ladrões de Bicicletas" foi escrito por sete argumentistas (entre eles, o próprio realizador) a partir de uma história de Cesare Zavattini que adaptava um romance de Luigi Bartolini. É um verdadeiro clássico, autêntico símbolo da importante corrente cinematográfica que ficou conhecida por "neo-realismo", desenvolvida no período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial.
O filme começa com uma sequência em que uma multidão espera pelos anúncios de emprego em frente a um departamento do governo, espera essa quase sempre infrutífera. Todavia, um desses desempregados, Antonio Ricci ( Lamberto Maggiorani ), é seleccionado para um trabalho que consiste em colocar Posters pela cidade. O grande problema é que o trabalho exige uma bicicleta e ele tinha acabado de vender a sua para conseguir sustentar a família por mais algum tempo. Sem outra hipótese, Antonio e a sua mulher Maria ( Lianella Carell ) regressam à loja de penhores para tentar recuperar a bicicleta, trocando-a por outros bens que ainda tinham. Tragicamente, logo no primeiro dia de trabalho, a bicicleta é roubada. Desesperado, Antonio começa a vasculhar toda a cidade com o seu filho Bruno ( Enzo Staiola ) em busca da preciosa bicicleta. É essa busca através dos mais variados locais que centraliza toda a narrativa do filme.
Com um ponto de partida quase banal, a história transforma-se rapidamente numa tocante viagem à condição humana e às necessidades básicas das pessoas. Filmado em exteriores na Itália do pós-guerra, com actores amadores, o filme baseia-se no suspense sobre o encontro da bicicleta, mas vai muito mais longe, tornando-se um conto sobre o desespero, a esperança, a perda e a redenção, recheado de sequências belíssimas que ficam para a História. Fazendo o retrato da sociedade italiana da época (com a crise económica, o desemprego, a miséria), o filme constitui também um canto ao fortalecimento dos laços entre um pai e um filho.
Estreado em Portugal a 20 de Novembro de 1950, "Ladrões de Bicicletas" obteve diversos prémios. Entre eles, destaca-se o Óscar para o Melhor Filme Estrangeiro (tendo sido também nomeado para Melhor Argumento)”

IN- http://www.edusurfa.pt/area.asp?seccao=1&area=5&artigoid=9734

Ladrões de Bicicletas
de Vittorio de Sica


Na história do cinema mundial, o neo-realismo italiano apareceu como uma das correntes mais lancinantes do pós-guerra. Este tipo de classificações, como sabemos, pode prejudicar o olhar sobre uma obra. Não sendo especial adepto de ismos, prefiro esforçar-me por uma perspectiva atenta ao que num produto artístico haja de mais singular. A verdade é que existem certas obras que, para o bem e para o mal, acabam por se constituir como alicerces a partir dos quais atribuímos significado a um conceito. Ladrões de Bicicletas, estreado em 1948, é um desses exemplos que contribuiu, com o passar dos anos, para que o conceito de neo-realismo tivesse alguma consistência. Diz-se hoje ter sido essa uma escola datada, marcada pelo comprometimento político, resistindo à mediocridade das obras mais comerciais e, por consequência dessa postura, recorrendo a meios que tivessem sobretudo em atenção a mensagem que se pretendia fazer passar. Optava-se pela força da mensagem em detrimento do adereço. Não se julgue porém que este cinema prescindia dos seus ornamentos estéticos, podendo mesmo a sua ausência ser considerada uma mais valia ao serviço da tal mensagem. Assim, tanto a ausência de caracterização como um aparente desleixo na fotografia, podem hoje ser interpretados como ornamentos outros com propósitos muito específicos. Em Ladrões de Bicicletas tudo isso é primorosamente trabalhado em torno de uma história onde paira o fantasma do desemprego. Chegamos ao universal, ao sem tempo, ao intemporal. Em nada pode este filme ser considerado datado, se nos atentarmos ao que nele se vislumbra de mais trágico: a solidão dos homens num mundo onde a política é a do «salve-se quem puder». O problema do desemprego surge como excelente pretexto para se pensar essa condição última de: ser homem numa sociedade moderna. Mais que a pobreza física, o que ressalta neste filme é o desespero e a humilhação que advêm dessa mesma pobreza. Neste sentido, os desempregados de ontem não serão diferentes dos desempregados de hoje. Talvez já não necessitem de uma bicicleta para manterem um emprego, mas esse é apenas um pormenor narrativo que não esgota o alcance do filme. Um dos aspectos que sempre me impressiona neste filme é a frieza com que o italiano Vittorio de Sica aborda a questão. Os ladrões de bicicletas são pobres que roubam pobres, gente que em desespero se desune, se trai, se nega. Neste filme, o maior inimigo do pobre só é a pobreza na medida em que coloca os homens uns contra os outros. Ou seja, a verdadeira pobreza é a ausência de solidariedade, a solidão e o isolamento a que fica condenado aquele que já não pode esperar nada de ninguém. Como se a pobreza transformasse a confiança num inimigo. Num tempo de arrivismos insidiosos, faz todo o sentido continuar a rever uma obra assim. O problema hoje, mormente num dos mais pequenos e pobres países da Europa, não é outro senão o da desunião entre os que nada têm. Essa desunião que parte amiúde da perversidade com que os fortes metem os fracos a enxotarem-se uns aos outros. A mais intragável miséria de todas, creio, é essa. Pois só essa nos condena a sermos um nada absoluto.”

Publicada por hmbf ,
http://universosdesfeitos-insonia.blogspot.com/2006/07/os-filmes-4.html




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