quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Cinemascópio: Ciclo Suspeita em Suspense - Próxima 6ª feira, 6 de Novembro: O Meu Irmão é Filho Único, de Daniele Luchetti



Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Laços de Sangue


SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 06 Novembro.2009 - 21H45

Mede Vinagre (antiga Casa Morgado)
Rua de Morgado de Mateus, nº51
4000-334 Porto

(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)


ENTRADA LIVRE


O Meu Irmão é Filho Único
Mio Fratello è Figlio Unico


Realizador: Daniele Luchetti


Com: Elio Germano, Riccardo Scamarcio, Angela Finocchiaro, Massimo Popolizio, Ascanio Celestini, Diane Fleri, Alba Rohrwacher, Vittorio Emanuele Propizio, Claudio Botosso, Antonino Bruschetta, Anna Bonaiuto, Luca Zingaretti, Pasquale Sammarco, Lorenzo Pagani, Matteo Sacchi, Gianluca Viola, Vincenzo Santillo, Alessandro Vicca.

Duração: 108 minutos

Idade: M/12
Género: Comédia / Drama
País de Origem: França, Itália
Ano: Cor, 2008

SINOPSE

Accio, um fascista susceptível, é a causa do desespero dos seus pais. Conflituoso, impulsivo e explosivo, arranja facilmente sarilhos, enfrentando cada batalha como se fosse uma guerra. O seu irmão, Manrico, é um comunista fascinante. É bonito, carismático, amado por todos, mas igualmente perigoso... No dia-a-dia de uma pequena cidade italiana nos anos 60 e 70, os dois irmãos lançam-se em crenças políticas opostas, estão apaixonados pela mesma mulher e, em permanente confronto, vivem um período das suas vidas pleno de fugas, retornos, conflitos e grandes paixões. É uma história sobre o crescimento de dois irmãos e 15 anos de história da Itália passam, enquanto vemos as vivências de Accio e Manrico, tão diferentes mas tão iguais...

http://www.dvdpt.com/o/o_meu_irmao_e_filho_unico.php

“A luta de classes, as querelas ideológicas, o calor da discussão política, são ingredientes com lugar de relevo na história do cinema italiano. Sem procurar necessariamente aí uma caução para O Meu Irmão É Filho Único, o realizador Daniele Luchetti encontrou, nas páginas do romance de Antonio Pennacchi, Il Fasciocomunista, uma história na qual toda esta escola narrativa se projectava numa outra característica de referência do cinema do seu país: o "clássico" conflito entre irmãos. Com argumento assinado pela dupla constituída por Sandro Petraglia e Stefano Rulli (os mesmos de A Melhor Juventude), O Meu Irmão É Filho Único acaba por se afirmar como um herdeiro natural de todas estas tradições.Com alguma razão, o realizador defende que este não é um filme político. Mas, antes uma história de irmãos que se envolvem na luta política. A acção decorre ao longo da década de 60, em Latina uma cidade criada em 1932 por Mussolini sobre antigos terrenos pantanosos. E em Latina encontramos uma família proletária. O filho mais velho, Manrico (interpretado por Riccardo Scamarcio), é um comunista convicto e trabalha numa fábrica. O mais novo, Accio (Elio Germano), mais dado aos livros que ao trabalho de braços, depois de abandonar o seminário ao sentir desejos menos próprios a quem visa o celibato, acaba seduzido pela doutrina oposta à que o irmão defende. Ignorado pela família, encarado pelos pais e irmãos (há uma irmã, pelo meio) como um fardo depois de frustrada a carreira no sacerdócio que todos viam como a melhor solução para uma casa de baixos rendimentos, Accio encontra amizade num vendedor de tecidos, assumido fascista, saudoso da Itália de Mussolini. O seu discurso e visões encantam o jovem, que rapidamente acaba inscrito numa célula política da região e começa a participar em acções. Em algumas delas entrando em conflito directo com o irmão mais velho. Sem tomar partido por qualquer das partes, centrando a atenção mais na conflituosa relação familiar que no debate de ideias, o filme abre contudo janelas de lucidez crítica perante os excessos característicos de alguns extremismos. E é hilariante o momento em que o Conservatório "ocupado" apresenta uma Ode à Alegria, de Beethoven, com letra "desfascistizada" (como a apresentam), onde não faltam referências aos grandes ideólogos do comunismo. Belíssima direcção de actores, ritmo intenso, e uma cuidada recriação da Itália de 60 garantem a verosimilhança a um conflito que não se esgota contudo no seu mais evidente tutano político. A música desempenha um papel importante na caracterização de época que o filme respeita. Através da utilização de vozes e êxitos característicos da Itália de então, a viagem no tempo é irrepreensível. Desde os anos 90, um dos efeitos mais significativos da "berlusconização" da sociedade italiana é a formatação televisiva: mais do que um modelo de programação, o divertimento acéfalo transformou-se numa filosofia existencial e numa moral colectiva, todos os dias empenhada no esvaziamento do indivíduo e da sua dignidade. Para o perceber, basta ver O Caimão (2006), de Nanni Moretti. Obviamente, não se trata de uma questão que se possa reduzir à gestão de Silvio Berlusconi (nem sequer é um problema meramente italiano, como bem sabemos). Já antes de tudo isso, a obra de um cineasta como Federico Fellini estava cheia de sinais de desencanto face à mediocridade galopante da televisão: basta citar esse filme terminal que é Ginger e Fred (1986). Vale a pena voltar a lembrar tudo isso a pretexto de O Meu Irmão É Filho Único. Se outros méritos não tivesse, o filme de Daniele Luchetti bastaria para mostrar que a normalização televisiva, apesar da sua violência social e simbólica, não conseguiu destruir a vitalidade de um cinema que se mantém fiel às suas mais nobres tradições: e a primeira que aqui emerge, em todo o seu esplendor humano (e humanista), é a do género melodramático. Ao filmar o drama de dois irmãos separados pelas crenças ideológicas, um fascista, outro comunista (espantosas interpretações de Elio Germano e Riccardo Scamarcio), Luchetti consegue traçar um elucidativo retrato das convulsões sociais na Itália dos anos 60/70. O impacto emocional de tal retrato depende, no essencial, da preservação dos valores do melodrama familiar, sendo o primeiro e inalienável desses valores o respeito pela singularidade individual (justamente o oposto daquilo que, todos os dias, nos é imposto pela reality TV). Há poucos dias, com a morte de Dino Risi, desapareceu um dos últimos realizadores da idade de ouro desse cinema italiano que sempre soube olhar de frente os factos e contradições do seu próprio país: Luchetti é um legítimo e brilhante herdeiro de tal tradição. Num Verão dominado pelo ruído promocional de Sexo e a Cidade, os grandes sentimentos e emoções vêm de Itália. Incluindo o sexo, se é que é importante referi-lo.»


João Lopes, in DN 19 Jun’08, http://www.cineclubeguimaraes.org/filme.php?id=2730



Uma iniciativa: Pintar o 7 - Cinema, Cidade, Cultura

Apoio: Mede Vinagre


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Próxima sessão, dia 13 Novembro 09: A Canção Mais Triste do Mundo, de Guy Maddin

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