terça-feira, 15 de setembro de 2009

Cinemascópio: Ciclo Faz-se Caminho, Caminhando - Próxima 6ªf, 18 de Setembro: Breakfast on Pluto, de Neil Jordan


Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Faz-se Caminho, Caminhando


SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 18 Setembro.2009 - 21H45

Mede Vinagre (antiga Casa Morgado)
Rua de Morgado de Mateus, nº51
4000-334 Porto

(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)


ENTRADA LIVRE


Breakfast on Pluto
Breakfast on Pluto

Realizador: Neil Jordan
Com: Cillian Murphy, Liam Neeson, Ruth Negga, Laurence Kinlan, Stephen Rea, Brendan Gleeson.

Duração: 123 minutos

Idade: M/12
Género: Drama
País de Origem: Irlanda/Reino Unido
Ano: 2005


SINOPSE

Abandonado em bebé à porta de uma igreja na Irlanda, Patrick "Kitten" Braden (Cillian Murphy) desde cedo sobreviveu a uma realidade hostil graças ao seu encanto e à recusa em deixar alguém alterar a sua maneira de ser - um jovem desenquadrado do mundo que o rodeia e, principalmente, do seu corpo, o que o torna muito mais que um homossexual ou um travesti. Com a acção situada em Londres dos anos 70, "Breakfast on Pluto" dá-nos a conhecer a vida de Kitten e a sua busca incessante do amor e da verdadeira mãe, enquanto que, perdido, se vai envolvendo nos meandros da música, do ilusionismo, da prostituição e até do IRA.
Escrito e realizado por Neil Jordan - cineasta galardoado com Óscar -, o filme adapta de forma mágica e única o encantador romance de Pat McCabe e conta com uma brilhante interpretação de Cillian Murphy e ainda com desempenhos dos consagrados actores Liam Neeson, Stephen Rea e Brendan Gleeson.

www.dvdpt.com



“Depois de “The Butcher Boy” (1997), Neil Jordan adapta novamente um romance de Pat McCabe, desta feita contando a história de Patrick ‘Kitten’ Braden, na Irlanda/Londres dos anos 70, em plena convulsão social (à semelhança de “The Crying Game”, 1992, mistura também as questões de identidade sexual).

“Breakfast on Pluto” é um conto de fadas que começa com um par de melros a conversar enquanto debicam o leite poisado do lado de fora da porta.

Deixado à porta da casa de um padre na aldeia irlandesa de Tyreelin, Patrick (Cillian Murphy) é criado por uma mãe adoptiva Ma Braden (Ruth McCabe) que nunca compreendeu o seu gosto por roupas femininas. No final da adolescência, Patrick - já sob o nome de Kitten - parte para Londres em busca da mãe (Eva Birthistle), da qual pouco mais sabe do que as suas parecenças com a actriz Mitzi Gaynor. Na estrada, Kitten conhece uma banda chamada "The Mohawks" e apaixona-se perdidamente pelo vocalista Billy Hatchet (a estrela de rock britânica Gavin Friday). Este primeiro amor, tal como todos os outros, serão apenas um reflexo do que Kitten quer para si própria: ser amada exactamente como nas canções pop, mais concretamente como em “Honey” de Bobby Goldsboro (o título “Breakfast on Pluto” provém da canção “King of the London Buskers”de Don Partridge).

Kitten é ingénua e pura, seduzindo pela sua vulnerabilidade e tornando irresistível querer protegê-la. Os olhos penetrantes de Cillian Murphy também ajudam. Sem se importar se vive ou morre, Kitten acaba por viver uma vida de liberdade, tornando-se até assistente de mágico (Stephen Rea). Mas, mesmo apesar de todos os contratempos, alguns deles bastante violentos, Kitten mostra-se invencível. E nesta sobreposição do pessoal e do político, Kitten mostra-se inabalável, quer na sua identidade quer no seu ódio pela violência. Apesar do excesso de características heróicas acabar por retirar peso dramático à personagem, coloca-nos ainda mais no plano da fantasia, onde a realidade se mostra apenas em breves interlúdios.

Cillian Murphy carrega às costas esta história contada em capítulos, como um diário. A sua interpretação é excelente e completamente absorvente, conseguindo ser extremamente feminino sem ser afectado. Ao seu lado está a expressividade subtil de um Liam Neeson e a presença magnética de Brendan Gleeson. Um encontro de Kitten em Londres com Mr. Silky String permite-nos encher os olhos (à falta dos ouvidos) com Bryan Ferry.

O que nos fica de Kitten, e um pouco à laia de lição, é todo o seu optimismo, a sua entrega ao amor, incondicional de cada nova vez, onde os sofrimentos passados não corrompem a melhor ingenuidade. E onde, como canta Dusty Springfield em “The Windmills of your Mind”, a vida é uma ininterrupta roda, onde, em todos os momentos, temos o dever de ser felizes.”

http://cinerama.blogs.sapo.pt/



“Há quem já tenha pisado a Lua e pensado que dava um passo de gigante para o avanço da humanidade. A seguir a esse momento de felicidade, porém, houve quem regressasse à Terra e à repetitiva gravidade para não mais a largar.

Repetição e gravidade são conceitos que Patrick Braden (soberbamente interpretado por Cillian Murphy) não conhece. Bem pelo contrário, passa boa parte dos minutos do outro lado, onde talvez faça mais frio, mas num esconderijo onde pode sorrir sem lhe perguntarem porquê. Não conseguiu muitas inscrições nos capítulos dos manuais escolares mas deu um passo de gigante ao encontro daquela idade que outrora se chamou humana.

Breakfast On Pluto, a mais recente produção de Neil Jordan, conta-nos uma estória que bem poderia começar com um ‘Era uma vez’. Patrick Braden, ou melhor, Patricia 'Kitten', segundo demanda pessoal, foi abandonado em bebé à porta da habitação de um padre na conflituosa Irlanda dos anos 70 e cresceu ligando-se, apenas a espaços, ao mundo dos terços, das balas e demais castelos de areia.

Dois tordos em amena cavaqueira prenunciam sarilhos. Não se enganam. 'Kitten' descobre-se num corpo parco em atributos femininos e decide juntar-lhe alguma cor. Fê-lo em boa hora. Uma sombra daqui, um baton dali... et voilá, tudo melhora e ganha sentido. Liguem-se as luzes, os motores das caravanas e afinem-se as cordas vocais. Anda carrossel, que se faz tarde! É tempo de partir para Plutão, quero lá chegar à hora do pequeno almoço. O mundo de ‘Kitten’ é delicioso, espacial, honesto e grande, muito grande.

Ainda lhe pesavam os sapatos de salto alto, que o calçavam à socapa, e já defendia com unhas e dentes, diante de várias frentes frias e Adamastores, uma identidade. Voz de vidro, olhos de ceú, coração de gente. Se às vezes parecer perdido não se importem porque logo subirá para o colo de uma mota que compreende o seu sorriso e far-se-á à estrada. ‘Kitten’ perde algumas batalhas pelo caminho, sobretudo por causa da extrema necessidade de afecto.

As esquinas escondem escadas para sítios desconhecidos e sucedem-se em velocidade de espectáculo, ao ritmo alucinado dos capítulos de um diário leviano que se lê sem pestanejar. Em cada uma, ‘Kitten’ recebe o testemunho do ‘estafeta’ anterior e não pergunta se pode subir... a ‘escada’. Sobe e pronto. Não importa onde vai chegar, importa chegar a algum lado. Cansada dos puxões de orelhas, parte em busca da figura da mãe, que tinha sido 'engolida' por Londres, onde tudo se oferece e se retira com o mesmo estalar de dedos.

Adaptado do romance de Pat McCabe, Breakfast On Pluto apresenta uma banda sonora com alguns apontamentos interessantes mas ganha sobretudo pela fantástica interpretação de Cillian Murphy, a lembrar o frágil pino que fica de pé depois do ataque feroz da bola de bowling. Uma das personagens mais ricas em termos de vivência emocional que nos últimos tempos encheram as objectivas.

A película é um desfile de ilusionistas, discotecas, lutas armadas, prostituição e viagens só de ida pelos (en)cantos do Universo do coração. 'Kitten' compra todos os bilhetes e faz todas as viagens. Viaja ao sabor do vento, como uma pena, caindo quando e onde as rajadas permitem. Aqui, além, acolá, tanto faz. Quem precisa de relógio quando não vive no tempo?”

Pedro José Barros, 2006 - www.rascunho.iol.pt/critica.php?id=901



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