terça-feira, 18 de agosto de 2009

Cinemascópio: Ciclo Cinema em Tempo de Verão - Próxima 6ªf, 21 de Agosto: Água, de Deepa Mehta


Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Cinema em Tempo de Verão

SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 21 Agosto.2009 - 21H45

Mede Vinagre (antiga Casa Morgado)

Rua de Morgado de Mateus, nº51
4000-334 Porto

(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)

ENTRADA LIVRE

ÁGUA
Water

Realizadora: Deepa Mehta
Com: Lisa Ray, Seema Biswas, Kulbhushan Kharbanda, Sarala, John Abraham, Manorama, Raghubir Yadav, Vidula Javalgekar

Duração: 117 minutos

Idade: M/12
Género: Drama, Aventura
País de Origem: Canadá / Índia
Ano: 2005

SINOPSE

Aos 8 anos de idade, na Índia dos anos 30, Chuyia não é apenas casada; é já viúva. E nunca conheceu o marido. De acordo com a tradição, Chuyia é enviada para uma casa que acolhe viúvas – uma casa onde as viúvas são obrigadas a ficar, isoladas da sociedade, até ao final das suas vidas, sem que possam alguma vez voltar a casar. Lá, conhece Kalyani, uma bela e jovem viúva de quem se torna amiga que ousa desafiar as regras apaixonando-se por um jovem com estudos. Também ele está disposto a confrontar-se com a tradição instituída. No momento em que as ideologias de Ghandi ganham cada vez mais peso e as pessoas se começam a questionar sobre a religião, sobre a sociedade, sobre os direitos das mulheres, estas duas jovens (assim como tantas outras mulheres) poderão ver os seus percursos de vida alterarem-se radicalmente.
www.7arte.net

"A situação social evocada é pungente: a condição das viúvas que, na Índia da década de 1930, são sujeitas a uma existência marginal, mesmo quando podem ser crianças (a personagem central tem 8 anos). Mas Deepah Mehta não constrói com tal situação um mero "panfleto" ruidoso, à maneira desses documentários (?) televisivos que parecem possuir toda a verdade deste mundo e do outro... Nada disso: este é um filme de grande delicadeza emocional, sustentado por uma construção dramática que possui a enorme vantagem de seguir um programa claro: expor a verdade humana para além das barreiras dos rituais sociais ou das normas religiosas.

«Água» é, afinal, um simples sintoma do (muito) cinema indiano que não conhecemos."
João Lopes, www.cinema2000.pt


"Água" de Deepa Mehta: Um Hino ao Amor, à Dignidade Humana e à Vida

Não foi com muito assombro que visionei a mais recente obra cinematográfica da realizadora indiana Deepa Mehta (nomeada para os Óscares 2007 na categoria de Melhor Filme Estrangeiro), dado que, desde sempre, os filmes indianos me deslumbraram pela sua magia imagética. Das minhas raízes muito mais inter do que multiculturais, fazem parte as cores, os sons e os sabores fortes da cultura iconográfica, musical, filosófica e gastronómica deste povo que comigo partilha o Oceano Índico como berço.
Todavia, este filme tangeu-me a alma pela sábia junção, no seu fabuloso argumento, desse exotismo, sempre presente nas minhas mais recônditas memórias, que me moldou as minhas percepção e expressão estéticas e filosóficas, a uma sensível abordagem de dois temas tabu. Com efeito, o leitmotiv desta película é o destino inexorável e dramático das viúvas hindus que, de acordo com a tradição, ou são queimadas vivas na pira em que arde o cadáver de seu marido, ou dever-se-ão isolar como párias (do Tamul pareyar, tangedor de bombo, os intocáveis, a casta mais baixa entre os hindus, alvo do desprezo das demais), estando-lhes reservado um inelutável ostracismo social até ao final das suas desafortunadas, trágicas, existências.
Esta película relata como a mendicidade e, tantas vezes, a prostituição das mais novinhas são a única forma de sustento de quem a sociedade rejeitou para todo o sempre; como uma dessas casas de abrigo acolhe Chuyia, uma criança que, com apenas 8 anos, já é viúva e Kalyani, uma bela jovem que, também, face ao mesmo estado, vê-se obrigada, desde tenra idade, a vender o corpo, em troca de umas míseras e malditas moedas, acabando por se libertar dessa tortura imposta ao apaixonar-se por um jovem culto e de casta elevada, admirador confesso dos ensinamentos de Gandhi, nomeadamente, da "resistência passiva" contra o regime colonial inglês. E é exactamente neste momento, em que a ideologia deste sábio homem começa a alastrar-se pela Índia, pondo em questão muitas das tradições religiosas e sociais cristalizadas, que estas duas jovens mártires poderão almejar a liberdade, ou não.
É, assim, um filme que relata, igualmente, um flagelo global - o da prostituição infantil, do abuso de menores por "predadores sexuais" que, aproveitando-se da miséria alheia, lhes amputam a infância, em prol das suas mais pérfidas e desumanas perversões.
Um filme a não perder, como acto de resistência cívica, ética, estética e filosófica !
Isabel Metello, http://sol.sapo.pt/blogs/isabelmetello/default.aspx


Uma iniciativa: Pintar o 7 - Cinema, Cidade, Cultura

Apoio: Mede Vinagre

CONTAMOS COM A VOSSA PRESENÇA!

Próxima sessão, dia 28 Agosto 09: O Véu Pintado, de John Curran




pintar.sete@gmail.com

http://www.casamorgado.blogspot.com/



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