terça-feira, 23 de junho de 2009

Cinemascópio: Ciclo Gente, Cidades: Vidas - Próxima 6ªf, 26 Junho: Os Dias da Rádio, de Woody Allen



Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Gente, Cidades: Vidas


SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 26 Junho.2009 - 21H45

A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural

Rua de Morgado de Mateus, nº41
4000-334 Porto

(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)

ENTRADA LIVRE

Os Dias da Rádio
Radio Days

Realizador: Woody Allen
Com: Mia Farrow, Diane Keaton, Jeff Daniels, Dianne Wiest, Danny Aiello, Mike Starr, Seth Green, Josh Mostel, Tito Puente, Todd Field, W. H. Macy, Woody Allen (voz)

Duração: 85 minutos, Cor
Classificação: M/12
Género: Comédia
País de Origem: EUA
Ano: 1987

SINOPSE

Os Dias da Rádio, de Woody Allen, é um retrato “profusamente nostálgico” do estrelato dos anos 40, em que as primeiras memórias cómicas de um rapaz, provenientes da idade de ouro da rádio, são utilizadas para tecer uma fantástica história simultaneamente cómica e afectuosa. Bem cuidado e “recheado de pormenores”, Os Dias da Rádio é um dos mais encantadores elogios alguma vez feitos por um realizador a um tempo passado.
Enquadrado pelas estranhas histórias radiofónicas acerca de batalhas sangrentas e criaturas deslumbrantes, Joe Needleman, de 10 anos, anseia por aventuras e sonha com o dia em que irá ver espiões inimigos, submarinos alemães – ou mesmo a sua professora vestindo pouco mais que um sorriso. Mas enquanto a vida de Joe está recheada de fantasias com as vozes da rádio, as pessoas reais têm fantasias próprias. À medida que as estrelas nascem e as carreiras fracassam, a nação prossegue o seu caminho, e só uma coisa é realmente certa: Os dias da rádio podem estar a acabar… mas a magia das recordações de Joe irá durar sempre.

(contracapa da edição do filme em DVD, Metro Goldwyn Mayer)





“A América preparava-se para entrar na guerra e combater as forças do eixo. A população, descrente e abatida, precisava de heróis e, numa época em que a televisão ainda estava longe de ser uma realidade, era a rádio que entrava em casa da população americana e lhes oferecia o escapismo, sonhos, e ilusões. Woody Allen voltou-se para trás e recordou, com toda a melancolia e romantismo, a sua infância em Brooklyn, naquele que é muito provavelmente um dos seus filmes mais ambiciosos e, certamente, dos mais belos. À medida que alterna entre as pequenas histórias de uma pobre família nova-iorquina e episódios caricatos na vida das celebridades mais cintilantes da rádio, Allen conduz-nos numa viagem terna a uma época e a um país muito peculiares ao mesmo tempo que analisa, de forma crítica e sempre bem humorada, a relação do povo com o ideal do sonho americano.

Os Dias da Rádio, muitas vezes referido como o Amarcord de Woody Allen, é em certa medida um filme único na sua filmografia, já que é dos que em termos narrativos mais se afastam do seu habitual estilo. Por outro lado, será impossível que os fãs do realizador não se apercebam da sua assinatura, logo desde a primeira cena – absolutamente hilariante, que desvenda de imediato o tom e o carácter episódico da narrativa. Dois anos antes deste filme, Allen já nos havia apresentado A Rosa Púrpura do Cairo, onde nesse caso através do cinema abordava um tema semelhante, de forma subtilmente diferente. Nesse caso, não era a Guerra Mundial, mas sim a Grande Depressão que servia de pano de fundo a uma análise mais profunda à relação da de um país com as celebridades, a arte e o espectáculo. E, recordemos ainda anteriormente, com Zelig, Allen ofereceu-nos mais uma mordaz sátira disfarçada de conto bizarro com laivos kafkianos sobre o mesmo tema. Mas o genial autor é capaz das mais inteligentes e subtis abordagens sem nunca perder o rumo ou o seu apuradíssimo sentido cinematográfico.
Ainda assim, talvez a par com A Rosa Púrpura do Cairo e Manhattan, Os Dias da Rádio é um dos seus filmes mais sentimentais, onde se nota com relativa facilidade a presença do coração do realizador em cada cena, em cada plano, e na relação com cada tema musical. Allen não surge aqui como actor, mas dá voz à narração da história, o que nos leva facilmente a perceber estar na presença de uma obra extremamente pessoal, ainda que o autor sempre tenha sido lesto a rejeitar semelhanças entre a sua obra e a sua vida pessoal. Esse tom melancólico e doce não se espelha apenas no tom da sua voz enquanto narrador, mas também na forma como evoluem as relações entre as personagens no seio da família que, embora pobre e recheada de personalidades peculiares, se junta por exemplo na noite de passagem de ano para festejar em conjunto. Por outro lado, apesar da ironia com que nos apresenta as celebridades da rádio – em particular de Sally (Mia Farrow) e a sua luta por um lugar ao sol entre as estrelas – nunca esquece os sonhos, a companhia e o divertimento que estes lhe ofereceram ao longo da infância.

Não se estranha, portanto, que para evocar memórias tão queridas e próximas, Allen tenha escolhido dar corpo ao seu elenco através de um enorme grupo de actores, cujos rostos facilmente reconhecemos de filmes anteriores e posteriores, fazendo desta obra uma espécie de reunião de amigos, contribuindo assim para o tom acolhedor e comovente do filme. De Tony Roberts, a Jeff Daniels, passando por Dianne Wiest, Julie Kavner, Wallace Shawn e, claro, Diane Keaton e Mia Farrow, todos marcam a sua presença num dos melhores filmes da brilhante carreira de Woody Allen. Depois, com uma selecção musical tão precisa, uma direcção artística absolutamente primorosa, um trabalho exemplar no guarda-roupa e, especialmente, uma honestidade para com as memórias de uma época há muito perdida, o filme tem o condão de nos acertar em cheio no coração.”

Paulo Costa
http://cinept.blogspot.com/2006/06/os-dias-da-rdio-radio-days-1987.html

Uma iniciativa: Pintar o 7 - Cinema, Cidade, Cultura

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