quarta-feira, 27 de maio de 2009

Cinemascópio: Intervalo Animado - Próxima 6ªf, 29 Maio: O Cão, o General e os Pássaros, de Francis Nielsen


Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Intervalo Animado

SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 29 Maio.2009 - 21H45


A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural
Rua de Morgado de Mateus, nº41
4000-334 Porto

(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)

ENTRADA LIVRE

O Cão, o General e os Pássaros
Le Chien, Le Général et Les Oiseaux

Realizador: Francis Nielsen
Argumento: Tonino Guerra
Com: Michel Elias, Philippe Noiret (Vozes)
Duração: 75 minutos, Cor
Classificação: M/6
Género: Animação
País de Origem: França / Itália
Ano: 2003

SINOPSE

“Uma fábula onde a velhice encontra a infância. A não perder.
-Francisco Ferreira, Expresso
Um encantamento, com laivos chagalianos.
-Michel Roudévitch, Libération

Há muito muito tempo, um jovem general russo sacrificou os pássaros para incendiar Moscovo e salvar o seu país da invasão napoleónica. Tornou-se um herói nacional. Mas, na reforma que goza em São Petersburgo onde vive só e aborrecido, o general não consegue ter descanso, perseguido e assombrado pela memória dos pássaros em chamas. Felizmente, o acaso faz com que se cruze no seu caminho com um cão extraordinário que vai transformar os seus pesadelos em sonhos mágicos, cheios de humor e poesia. Ele adopta-o e dá-lhe o nome de Bonaparte, em memória do seu velho inimigo. Juntos vão travar uma batalha original mas delicada. Um dia, todos os cães da cidade abandonam os donos para se juntarem no lago gelado num protesto que visa a libertação de todos os pássaros que estão presos em gaiolas. Os habitantes da cidade, surpreendidos, interrogam-se o que estará à frente de tal protesto, mas começam rapidamente a inquietar-se porque a Primavera se aproxima. O gelo ameaça começar a quebrar e os cães podem afogar-se. É então a vez de o general vir em seu socorro e esse gesto será o seu combate mais nobre: um combate comovente, poético, que os livros de História parecem ter esquecido... “

http://www.dvdpt.com/o/o_cao_o_general_e_os_passaros.php




“Entrevista - Tonino Guerra
Como nasceu o projecto de O Cão, o General e os Pássaros?
Há alguns anos, tive um amigo estudante russo. Um dia, ele contou-me uma série de curiosidades e anedotas sobre São Petersburgo, histórias sobretudo dos séculos XVIII e XIX. Fiquei particularmente sensibilizado por uma dessas histórias, que me pareceu maravilhosa e fantástica ao mesmo tempo. Ela dizia respeito a um cão que, com a ajuda de um general, lutou pela libertação de todos os pássaros presos em gaiolas. A partir desse momento comecei a escrever esta história. Primeiro escrevi um livro chamado "O General e Bonaparte". É a mesma história dos desenhos animados. Talvez um pouco mais aprofundada, mas a história é a mesma. Pensei rapidamente que o general seria um desses generais que tinham incendiado Moscovo durante a batalha com Bonaparte. Utilizou para isso os pássaros, incendiando-lhes as asas. E por causa disso os pássaros ficaram a odiá-lo. Muitos anos mais tarde, quando envelheceu e vive só com a lembrança da mulher já desaparecida, adopta um cão. E com ele decide libertar todos os pássaros. Através de tudo isto, o que me parecia mais importante transmitir às crianças era a ideia de liberdade. Fazer com que as crianças compreendam que os animais precisam de liberdade.
Como lhe ocorreu fazer um filme animado?
No início, comecei por trabalhar com um grande mestre da animação russa Andreï Khrajanovski com o qual já tinha colaborado em dois filmes, adaptados de desenhos de Federico Fellini. Depois, por causa de vários motivos de produção, o projecto acabou por ir parar a França e ser confiado a Francis Nielsen.
Como foi a passagem do livro ao ecrã...
O livro que tinha escrito era diferente. Tinha mais diálogos, por exemplo. Era necessário partir do princípio que agora a imagem seria mais importante que as palavras, que eram as imagens que iam contar a história. Mas ao mesmo tempo, e isso é uma coisa que tenho sempre em mente quando escrevo um argumento, tinha de manter uma estrutura sólida. O livro é muito mais longo. A sua adaptação teria dado origem a um filme de quase quatro horas. Foi por isso preciso reduzir, simplificar, mas sem tocar no esqueleto da história que permaneceu o mesmo.
Qual foi a especificidade da escrita para desenhos animados?
Trabalhei em quatro ocasiões para animações. E de todas as vezes pensei que é necessário ter muito cuidado com os diálogos. É muito difícil fazer diálogos para um desenho animado.
Neste filme, logo desde o momento da adaptação, que quisemos uma técnica mais simples, mais poética, menos perfeita. Há erros, mas são, na minha opinião, os mesmos da imaginação infantil. A perfeição chateia-me, irrita-me mesmo (risos). Como a do cinema americano, por exemplo. Preocupei-me muito mais com a busca das emoções que preenchiam a minha imaginação quando era criança.
A que se refere quando fala de erros?
Acho que é na não perfeição que se aloja a poesia. Penso frequentemente na citação de um monge chinês do século X que dizia mais ou menos isto: é preciso fazer coisas que ultrapassem a perfeição banal. A nossa preocupação neste filme não era que as personagens funcionassem bem ou parecessem verdadeiros. Não, são personagens de fábulas. Passeiam-se no ar. Não estão na terra. Passeiam-se na memória dos espectadores. Acho que é assim que nos podemos identificar com os heróis desta história. A fábula constrói-se à volta do erro. Ou seja, na minha opinião, ela exprime essa ruptura com a realidade. A fábula é o meio de reencontrar a poesia da infância. Uma forma de recriar o real mas imperfeita. E, ao mesmo tempo, a doçura do filme vem desta distância da realização com a técnica absoluta.
Conhece bem a obra de Sergueï Barkhin com o qual já trabalhou. Como caracterizaria o seu estilo?
Os desenhos de Barkhin são formidáveis. Ele está longe da realidade. Há qualquer coisa nas suas obras que tem o traço do teatro. Ele é como eu, gosta do erro. A sua realidade é por um lado mais real que a realidade e ao mesmo tempo mais afastada. Os seus desenhos têm imensa força. Vejo neles pensamentos, pontos de vista, que funcionam para além do enquadramento do desenho.
Como decorreu a vossa colaboração?
À partida já existia uma grande cumplicidade. Eu gosto do que ele faz e ele aprecia o meu trabalho. Falámos muito sobre este filme. No início, escrevi-o para Mastroianni. E para a edição do livro, os desenhos de Barkhin inspiraram-se no rosto de Marcello mais velho. Eu e Barkhin chegámos mesmo a pensar incluir momentos em que Mastroianni interpretasse o general. E nos primeiros esboços, o general tinha os traços desse imenso actor.
Depois trabalhou com Francis Nielsen. Como é que interveio na realização global do projecto?
Discutimos sobretudo no momento da montagem. Aconselhei-o a prolongar algumas cenas, a dividir ao meio a cena da batalha. Este filme - e isso é normal - é diferente do argumento e do que eu tinha imaginado inicialmente. Por isso falávamos todos os dias, tentando coisas diferentes e trabalhando também com a música, assinada pelo meu filho. E tudo acabou por ficar no lugar.”

http://www.atalantafilmes.pt/2004/ocaoogeneraleospassaros/


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Apoio: A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural

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