quarta-feira, 6 de maio de 2009

Cinemascópio: Ciclo O Resto é Silêncio - Próxima 6ªf, 08 Maio: Gosford Park, de Robert Altman


Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo O Resto é Silêncio




SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 08 Maio.2009 - 21H45



A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural

Rua de Morgado de Mateus, nº41

4000-334 Porto

(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)

ENTRADA LIVRE



Gosford Park

Gosford Park

Realizador: Robert Altman

Com: Camilla Rutherford, Kristin Scott - Thomas, Maggie Smith, Michael Gambon, Alan Bates, Derek Jacobi, Helen Mirren , Emily Watson



Duração: 145 minutos, Cor

Classificação: M/12

Género: Policial, Comédia

País de Origem:
EUA, Reino Unido

Ano:
2001



SINOPSE

“Gosford Park é a magnífica casa de campo onde Sir William McCordle e a sua esposa, Lady Sylvia, reúnem os amigos para uma caçada. O eclético grupo de convidados inclui uma condessa, um herói da Grande Guerra, o ídolo inglês das matinés Ivor Novello e um produtor americano que faz os filmes de Charlie Chan. Enquanto os convidados se reúnem nas luxuosas salas de visita do andar de cima, os seus criados e mordomos particulares juntam-se aos quadros do pessoal da casa nas apinhadas cozinhas e corredores da cave. Mas nem tudo é o que parece: nem nos convidados cobertos de jóias almoçando e jantando a seu belo prazer nem nos quartos do sótão ou nos locais onde os criados trabalham arduamente para o conforto dos seus amos.
Parte comédia de costumes parte policial de mistério, Gosford Park é o retrato dos acontecimentos que vão unir gerações, classes, sexos e trágicas histórias pessoais e que culminam num crime - ou serão dois? “

www.dvdpt.com




Altman: A Realeza "Upstairs", a Criadagem "Downstairs"

Por Vasco Câmara

11.02.2002



"Gosford Park" é o melhor filme de Robert Altman desde "O Jogador"



Lá em cima está a realeza - Maggie Smith, Jeremy Northam, Kristin Scott Thomas, Michael Gambon e outros - cá em baixo a criadagem, sem desprimor para Alan Bates, Derek Jacobi, Helen Mirren ou Emily Watson. Ou seja, e numa rajada de nomes, la créme de la crème dos intérpretes ingleses, divididos entre "upstairs" e "downstairs", uns lordes, duquesas (ou franco-atiradores) e outros mordomos, cozinheiros e criados de quarto - no meio, a passar entre uns e outros, estão uns americanos (não podia deixar de ser), gente de Hollywood que é peixe fora de água onde há etiqueta. Chegaram todos ao countryside inglês, para um fim-de-semana de caça ao faisão. Tudo isto se passa na mansão de milord e mylady, Gosford Park, 1932.

Na verdade, foram lá todos parar por causa de Robert Altman, que reuniu mais um dos seus "castings" à medida de um "who's who" e fez o seu melhor filme (certamente o mais divertido) desde "O Jogador" (1992). Com a exibição de "Gosford Park" (fora de competição) o Festival Berlim ia atribuir, ontem à noite, um Urso de Ouro especial à carreira do cineasta de 76 anos, num momento de renovado prestígio (recebeu o Globo de Ouro para melhor realizador) e em que não dá sinais de querer parar e faz tenções de ser, como escreveu uma revista americana, a Film Comment, "membro - como Rohmer e Oliveira - da irmandade dos ocupados autores octogenários".

É "upstairs" e "downstairs" como na série "A Família Bellamy", em que o mundo lá de cima é visto, comentado - e vivido - pelos lá de baixo; é a rígida etiqueta, as loiças, a prata e o sotaque, como numa produção Merchant /Ivory, em que ser mordomo é todo um estado de espírito (Altman não fez por menos, e contratou um mordomo, uma cozinheira e uma criada de quarto dos anos 30 para garantirem a autenticidade). Há um crime, é certo, mas também isso não é novo, porque é o que acontece num qualquer romance de Agatha Christie. Mas é por isso que Altman se desinteressa rapidamente de quem matou, e o espectador que chegou ao fim satisfeito com o amargo divertimento, não deixará de concordar com ele: "Não é um filme sobre 'quem matou?', é um filme sobre 'quero lá saber quem matou!' porque, afinal, mataram todos".

Começa aqui a particularidade de "Gosford Park", o "Altman's touch", esse desgosto, mais ou menos sacudido com sarcasmo, pela natureza humana (Altman cita "A Regra do Jogo", de Renoir, em que a classe dominante se juntava também para uma caçada, mas os raios do humanismo do francês penetravam sempre as nuvens de cataclismo, ao passo que o americano não é propriamente um humanista).

A câmara rodopia então pelas fraquezas de patrões e servos, e estes não são melhores do que aqueles - repetem os "vícios" dos outros, e até mostram que sabem melhor a lição. Não é uma câmara, aliás, são duas, para apanhar o turbilhão de diálogos e personagens e envolver o espectador no meio deles, em vez de os servir na bandeja do "filme de época". Ao contrário do que acontece muitas vezes no cinema de Altman, são muitos actores mas não são apenas uma soma de pequenos "números" para justificar a participação. Há uma justeza de tom e um equilíbrio entre o maior protagonismo de uns (como Maggie Smith, uma notória "scene stealer" a fazer uma condessa que já teve melhores dias) e o maior decorativismo de outros, porque uma coisa e outra são ditadas pela narrativa e personagens - é dos filmes de Altman com argumento mais definido e denso, e não apenas justificado pelo "vamos juntá-los a ver o que dá" que o realizador adoptou como assinatura. E como só acontece a espaços na obra do cineasta (vem acontecendo mais nos últimos anos - pense-se em "Cookie's Fortune", de 1998 -, deve ser a sabedoria da idade), o sarcasmo, o interesse por fazer a autópsia a um grupo, não tem de ser sinónimo de desprezo pelas personagens.

E para citar a condessa fanada interpretada por Maggie Smith, de facto "a vida no countryside inglês pode ser tão movimentada como Picadilly Circus".

http://dossiers.publico.clix.pt/noticia.aspx?idCanal=356&id=72565





Uma iniciativa: Pintar o 7 - Cinema, Cidade, Cultura



Apoio: A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural



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Próxima sessão, dia 15 Maio 09: A Dama de Xangai, de Orson Welles







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