terça-feira, 17 de março de 2009

Cinemascópio: Ciclo Um Princípio de Sol - Próxima 6ªf, 20 Março: Tsotsi, de Gavin Hood


Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo Um Princípio de Sol

SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 20 Março.2009 - 21H45

A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural
Rua de Morgado de Mateus, nº41
4000-334 Porto

(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)

ENTRADA LIVRE

Tsotsi
Tsotsi

Realizador: Gavin Hood
Com: Presley Chweneylagae, Zola, Terry Pheto, Kenneth Nkosi, Mothusi Magano, Zenzo Ngqobe
Duração: 94 minutos, COR
Classificação: M/16
Género: Drama
País de Origem: Grã-Bretanha/África do Sul
Ano: 2005

SINOPSE

« Um rapaz negro de 19 anos é o impiedoso líder de um gang dos arredores de Joanesburgo. Órfão desde muito pequeno, sem memória do seu passado, incluindo o próprio nome, a viver na absoluta miséria social e psicológica de um gueto, ele luta pela sobrevivência sem qualquer sentimento de compaixão por alguém. Um dia, "Tsotsi" dispara sobre uma mulher para lhe roubar o carro – sem reparar, no seu pânico de fugir, que leva um bebé no banco de trás...

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"Tsotsi" significa literalmente rufião ou gangster na linguagem de rua da periferia das grandes cidades e guetos da África do Sul. Baseado no livro do aclamado escritor sul africano, Athol Fugard, «Tsotsi», que recebeu o Oscar para Melhor Filme em Língua Não-Inglesa a 5 de Março. “
www.cinema2000.pt

“Uma combinação directa, eficaz e útil: os subúrbios de Joanesburgo vistos numa ficção que combina a atenção à complexidade dos factores humanos com um realismo frio e desencantado — O Oscar veio, obviamente (e felizmente), alargar as suas possibilidades de difusão.

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O texto seguinte foi publicado no jornal Diário de Notícias a 17 de Março de 2006.

Notícias da África do Sul

Na recente noite dos Óscares, a produção sul-africana «Tsotsi» foi uma das surpresas, arrebatando o Óscar de melhor filme estrangeiro (categoria em que o palestiniano «Paradise Now» parecia ser o concorrente mais forte). O mínimo que se pode dizer do prémio atribuído pela Academia de Hollywood é que, através dele, se cumpre uma importante função divulgadora. De facto, «Tsotsi» corria o risco de ser rotulado como uma mera variação sobre o modelo do “filme-de-gangs” do cinema americano quando, na verdade, o seu maior interesse decorre da verdade local com que nos confronta. Que é como quem diz: a teia de cumplicidades e violências que se gera num imenso bairro da lata nos arredores de Joanesburgo.
O dispositivo dramático do filme parte de uma ideia muito simples e desconcertante. Tsotsi (Presley Chweneyagae) é o líder de um grupo de jovens especialistas nos mais diversos tipos de roubos, a qualquer momento capazes de usar a violência mais brutal para resolver os seus diferendos; quando, uma noite, rouba o automóvel de uma mulher que vive no bairro rico que faz fronteira com o seu próprio bairro, Tsotsi, em fuga, ouve um inesperado choro infantil: no banco de trás, ficou o bebé da mulher que ele assaltou.
A eficácia emocional do filme provém do modo como a narrativa evita “parar” para fornecer qualquer tipo de enquadramento ou explicação, seja ela sociológica ou política. Não que o filme escamoteie tais componentes. O certo é que o filme avança a partir do próprio drama da personagem de Tsotsi, não para lhe conferir qualquer simbolismo redutor. E esse drama é: como guardar aquele bebé inesperado, como garantir a sua sobrevivência sem denunciar o seu próprio roubo?
Alicerçado num realismo directo, atento à crueldade da vida nas ruas e ao desencanto das casas degradadas, «Tsotsi» é também um filme cuja verdade (cultural & afectiva) passa, e muito, pela respectiva banda sonora, incluindo alguns temas de “Zola” Bonginkosi Dlamini, artista do hip hop da África do Sul (site oficial: www.zola7.co.za) que é também um dos actores principais do filme. «Tsotsi» baseia-se num romance de Athol Fugard (n. 1932), um dos escritores e dramaturgos da África do Sul com maior projecção internacional, autor da peça «O Caminho para Meca», entre nós já encenada por João Lourenço.
Tendo sido «Tsotsi» um dos títulos que também esteve na corrida para o prémio de melhor filme estrangeiro atribuído pela Academia Britânica de Cinema (ganho pelo francês «De Tanto Bater o Meu Coração Parou»), valerá a pena recordar algumas palavras do ex-produtor inglês David Puttnam («Terra Sangrenta», «A Missão», etc.), este ano homenageado com um prémio honorário. Lembrou Puttnam que é cada vez mais importante fazer filmes que consigam combinar duas componentes fundamentais: “informar” e oferecer “espectáculo”. É, justamente, nesse equilíbrio (sempre instável) entre a vontade de conhecer e a vibração dramática que se situa «Tsotsi»: um filme que nos ajuda a olhar para a África do Sul para além dos clichés dos telejornais.”

João Lopes
, www.cinema2000.pt





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