terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Cinemascópio: Ciclo O Amor, Esse Desconhecido - Próxima 6ªf, 16 Janeiro: Uma Outra Mulher, de Woody Allen


Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos

Ciclo O Amor, esse Desconhecido

SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 16 Janeiro.2008 - 21H45

A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural

Rua de Morgado de Mateus, nº41
4000-334 Porto

(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)

ENTRADA LIVRE

Uma Outra Mulher
Another Woman

Realizador:
Woody Allen
Com: Gena Rowlands, Mia Farrow, Ian Holm, Blythe Danner, Gene Hackman, Frances Conroy, Fred Melamed, Kenneth Welsh
Duração: 84 minutos, COR
Classificação: M/12
Género: Drama
País de Origem: EUA
Ano: 1988

SINOPSE

"Marion é uma mulher que aprendeu a defender-se das suas próprias emoções.
Quando decide alugar um apartamento com o objectivo de trabalhar no seu livro com maior tranquilidade, ela não imagina a reviravolta que se vai dar na sua vida. O edifício onde se situa o apartamento tem uma deficiência acústica que lhe permite ouvir tudo o que se passa no apartamento ao lado, onde funciona um consultório psiquiátrico.
Quando Marion ouve uma mulher dizer que é cada vez mais difícil suportar a sua vida, decide reflectir sobre a sua própria vida e, após uma série de acontecimentos, conclui que a atitude de renúncia às suas emoções a tem afectado a ela e a todos os que a rodeiam.
Um dos melhores filmes de Woody Allen, com espantosos desempenhos de Mia Farrow e Gena Rowlands."

www.cineteka.com


Another Woman

O ser humano é triste

Alguns filmes nos chocam a ponto de nos tirarem as palavras, de nos tirarem quaisquer referências imediatas de reflexão. São obras que não podem ser incluídas num simples rótulo temático (“um filme sobre X”) ou formal (um filme “realista”, “documental”, “formalista” etc.), que não se oferecem facilmente ao público (e propõem mais perguntas que respostas, confundem mais que explicam).

Another Woman é um desses filmes; uma pérola menos conhecida dentro da rica filmografia de Woody Allen. Ela foi realizada no fim da década de 80, em que o diretor construiu cerca de cinco títulos sombrios e intimistas, inspirados em mestres como Bergman, Antonioni e na literatura russa.

Assim como Interiors e September, é o universo intelectual norte-americano que é estudado. Allen destrói o mito dos gênios perturbados para construir simplesmente o humano perturbado, em que o conhecimento (o ateísmo, o racionalismo, a ciência) é particularmente nocivo se aplicado diretamente às relações sociais.

Marion (Gena Rowlands) é uma escritora e professora de literatura alemã que se isola num apartamento para escrever seu novo livro. Ela é interrompida pelo barulho que vem do cômodo ao lado, no caso, a sala de um psicanalista. Ela passa a ouvir as confissões angustiadas de uma mulher grávida e infeliz, o que a perturba e a impede de trabalhar.

A psicanálise sempre teve papel fundamental nos filmes de Allen, e neste mais do que nunca. Não só o cômodo vizinho oferece em segredo a dinâmica íntima dos pacientes, mas o filme inteiro se constrói como uma longa sessão psicanalítica, em que todos os aspectos sentimentais e afetivos de Marion serão destrinchados, analisados e julgados.

As vozes e narrações (off, over, oniscientes, participativas) ocupam um espaço central na maneira de contar a história, e são de tal complexidade que mereceriam uma tese à parte. Marion começa o filme nos contando sua própria vida em voz over, analisando-se a si mesma com a frieza intelectual que é particular à personagem.

Em seguida, é a segunda voz (a da paciente, uma voz que fica por certo tempo sem corpo) que vai narrar a história da escritora, já que as histórias relatadas do outro lado da parede são universais à ponto de se aplicarem também à Marion. Another Woman é repleto de “alguém me disse”, de confissões e de interpretações das ações alheias. Esse “gosto dos outros” é um tratado sobre a arte de contar histórias, sejam elas literárias (os livros da protagonista), cinematográficas (a narração) ou episódios vividos pelos personagens.

Pode-se perguntar quem é a “outra mulher” do título: enquanto a primeira vista aponta para a paciente grávida, o jogo pode se ampliar. Marion encontrou seu marido enquanto este era casado (e era ela a “outra”), e ela mesma tinha outro relacionamento. Uma vez casados, ambos continuam traindo (e incluindo muitos “outros” à dinâmica de casal). De um modo geral, a “outra” mulher é Marion. As confissões a instigam a refletir sobre toda sua vida, de modo que ela se distancia e observa a si mesma com um olhar crítico. A “outra” é o duplo de si mesma, é a Marion inconsciente, a mulher que viveu cinquenta anos fechada em seu mundo analítico-intelectual-burguês.

Poucas vezes Woody Allen tinha sido tão amargo e ao mesmo tempo tão incrivelmente profundo, intimista. Another Woman não pretende ser um filme fácil: não há válvulas de escape, nem cenas catárticas que canalizem a emoção desse cenário claustrofóbico. O público é convidado sadicamente a se reconhecer nesses retratos em tela, e a sair do cinema com uma angústia que não se dissipa com facilidade.”

Bruno Carmelo
http://nuvempreta.blogspot.com

Uma iniciativa: Pintar o 7 - Cinema, Cidade, Cultura

Apoio: A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural

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Próxima sessão, dia 23 Janeiro 08: Adeus Minha Concubina, de Kaige Chen

pintar.sete@gmail.com

www.acadeiradevangogh.blogspot.com




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