quarta-feira, 29 de outubro de 2008


Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos
Intervalo Animado

SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 31 OUTUBRO.2008 - 21H45

A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural
Rua de Morgado de Mateus, nº41
4000-334 Porto

(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)
ENTRADA LIVRE

A Princesa Mononoke
Mononoke Hime

Realizador: Hayao Myiazaki
Com as vozes de: Matsuda Yoji, Ishida Yuriko, Tanaka Yuko, Kobayashi Kaoru, Nishimura Masahiko, Kamijo Tsunehiko, Shimamoto Sumi, Watanabe Tetsu
Duração: 133 minutos, COR
Classificação: M/12
Género: drama /romance/ época /fantástico /anime/ animação
País de Origem: Japão
Ano:1997

SINOPSE
"Japão, durante a Era Muromachi (1333-1568). Ao defender o seu povo do ataque de um javali gigante, o jovem Ashitaka é vítima de uma maldição; o contacto com o animal deixa-lhe uma marca no braço direito, cuja expansão só terminará com a sua morte. A vidente da aldeia aponta-lhe o caminho a seguir. Deve abandonar os Emishi, para nunca mais voltar, procurando a fonte do mal que transformou o animal, um deus-javali, numa besta sanguinária descontrolada. O destino de Ashitaka é tentar ver com olhos não velados pelo ódio a razão da "corrupção" do deus. A sua viagem leva-o à Tataraba, a Cidade do Ferro, governada por Eboshi, uma mulher tão decidida a defender os seus protegidos, como a usar os recursos da floresta para seu benefício. Eboshi tem de lidar com as investidas dos samurais do Senhor Asano e de negociar com Jiku, um agente do imperador, que procura a cabeça do Deus da Floresta, o Shishigami, à qual se atribuem poderes de vida eterna. Ashitaka conhece também San, uma rapariga criada por Moro, uma deusa-loba, que procura matar Eboshi, para pôr cobro ao processo de destruição da floresta. "

www.asia.cinedie.com/mononoke_hime.htm


"Que tipo de filmes animados teria Walt Disney feito se tivesse nascido japonês em vez de americano? E que tipo de filmes teria Hayao Miyazaki feito, se em vez de se devotar à «anime», se tivesse dedicado ao cinema com actores de carne e osso? São dois «what if?» interessantes, e no caso do de Miyazaki, talvez o cinema japonês houvesse ganho um émulo de Kurosawa, ou do Mizoguchi de «Os Contos da Lua Vaga».


Por outro lado, tínhamos todos perdido «Princesa Mononoke», que é o segundo filme mais lucrativo da história do Japão (só ultrapassado pelo inevitável «Titanic»), e que embora aparente passar-se no Japão medieval (há espingardas e tudo, introduzidas nquele país pelos portugueses, embora não haja um português à vista no filme), passa-se, na realidade, num Japão mítico-épico, onde os deuses pisavam a terra e os animais eram «maiores que a vida» e falavam, entre eles e com os homens, e onde outrora todos os seres vivos e a natureza haviam coxistido em harmonia, confrontando-se, no «agora» proto-industrial do filme, pela supremacia.


Ou seja, «Princesa Mononoke» é uma trepidante e complexa peça de «fantasy» nipónica animada, cujas ressonâncias vão para lá da piedosa e superficial «mensagem» ecológica. Elas remontam a algo de mais longínquo e primordial, a uma «era de ouro» do mundo, perfeita e mágica, tal como ficou descrita nas lendas e nos mitos de muitos povos. Este filme de «anime» não apela apenas ao inconsciente colectivo dos japoneses: diz respeito também ao de todos nós.


É pena que a versão estreada em Portugal seja a dobrada para exibição nos Estados Unidos, mesmo que tenha sido feita sob supervisão de Neil Gaiman. Algumas das vozes são completamente inadequadas (a de Clare Danes e Billy Bob Thornton, por exemplo) e o choque entre a «coisa» japonesa e os sotaques anglo-saxónicos americanas chegam por vezes a ser lamentáveis.


Por outro lado, ainda bem que o respeito que Harvey Weinstein, co-presidente da Miramax, distribuidora de «Princesa Mononoke», tem por Hayao Miyazaki é -e diz o próprio - igual ao que tem por nomes como «Kurosawa ou Sergio Leone», ou então «Princesa Mononoke« teria tido os seus 133 minutos de duração implacavelmente tesourados - a bem das alegadamente pouco pacientes plateias americanas. O crime ficou-se por ser de índole sonora.


Miyazaki, entretanto, além de ter aliado os seus Estúdios Ghibli à Walt Disney, ficando esta encarregada de lançar nos Estados Unidos, em vídeo e no cinema, nove dos filmes do realizador, já conversou com Francis Ford Coppola e com James Cameron para possíveis futuras co-produções de «anime». Além de fazer filmes como «Princesa Mononoke», Hayao Miyazaki sabe onde fazer amigos. Onde outros, de vistas curtas, persistem em ver apenas inimigos.”

Eurico de Barros, www.cinema2000.pt

Uma iniciativa: Pintar o 7 - Cinema, Cidade, Cultura

Apoio: A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural

CONTAMOS COM A VOSSA PRESENÇA!

Próxima sessão, dia 7 Novembro 08: Rapsódia em Agosto, de Akira Kurosawa

NOTA: Daremos informação detalhada do próximo Ciclo Temático (Do Amor, da Guerra e Outros Demónios, que iniciará no dia 7 de Novembro) no início da próxima semana.

pintar.sete@gmail.com

www.acadeiradevangogh.blogspot.com

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