segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Cinemascópio: Ciclo Puxando os Fios da Trama - Próxima 6ªf, 17 Outubro: A Maldição da Flor Dourada, de Zhang Yimou


Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos
Ciclo Puxando os Fios da Trama

SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 17 OUTUBRO.2008 - 21H45

A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural
Rua de Morgado de Mateus, nº41
4000-334 Porto

(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)
ENTRADA LIVRE

A Maldição da Flor Dourada
Man cheng jin dai huang jin jia
Curse of the Golden Flower

Realizador: Zhang Yimou
Com: Yun-Fat Chow, Li Gong, Jay Chou
Duração: 114 minutos, COR
Classificação: M/16
Género: Acção / Drama
País de Origem: China
Ano:2006

SINOPSE
"China, final da dinastia Tang, século X. Flores douradas ornamentam o palácio na véspera do Festival Chong Yang. O Imperador (Chow Yun Fat) regressa inesperadamente com o segundo filho, o príncipe Jai (Jay Chou), para celebrar as festividades com a família, apesar da tensão e da relação fria com a Imperatriz (Gong Li). Durante alguns anos, a Imperatriz manteve uma relação ilícita com o enteado, o príncipe Wan (Liu Ye), que por sua vez se sente prisioneiro e sonha fugir do palácio com a sua paixão secreta: Chan, a filha do médico imperial. Já Jai preocupa-se sobretudo com a saúde e com a obsessão da Imperatriz por crisântemos dourados. E, enquanto isso, o Imperador tem planos secretos que quase todos desconhecem. Durante as grandiosas e belíssimas festividades, negros segredos serão revelados, rebeliões insurgir-se-ão e o sangue manchará o dourado das flores. Entre o amor e o desejo, existirá um vencedor? "A Maldição da Flor Dourada" é o último filme de Zhang Yimou, o aclamado realizador chinês, autor de "O Segredo dos Punhais Voadores" e "Herói"."

http://cinecartaz.publico.clix.pt/filme.asp?id=161761

A Maldição da Flor Dourada
O conto dos crisântemos de sangue


Continua a detectar-se no universo "decorativista" de Zhang Yimou a sua formação como fotógrafo de cinema: "A Maldição da Flor Dourada" apresenta uma riqueza de cambiantes (todas as cores do arcoíris) e um cuidado tão extremado na iluminação de interiores que, por vezes, a luxuriante paisagem visual abafa a construção narrativa, sobrepondo-se aos requintes de "mise-en-scène" engendrados para o conflito shakespeariano de um imperador, dividido pelo amor aos seus três filhos, na corte da dinastia Tang, quando, no século X, o palácio Imperial atingia um luxo digno da Versalhes de Luís XIV. O filho segundo do Imperador, Jai, regressa da luta contra os Mongóis, para festejar com a família a festa dos crisântemos amarelos e encontra a imperatriz doente, submetida a uma medicação obrigatória e ritual, que a vai envenenando.
A estrutura operática, em que o cenário da Cidade Proibida joga um papel fundamental, confere ao filme um hieratismo quase ascético, entre o isolamento doentio da Imperatriz (espantosa Gong Li, próxima de um registo digno da tragédia grega, com a família dos Átridas e a trilogia de Esquilo, "A Oresteia", enquanto omnipresente referente) e a encenação precisa de golpes de artes marciais, tudo cronometrado por "travellings" vertiginosos e por um rigoroso uso dos efeitos especiais.
Como nos filmes mais recentes de Yimou, nomeadamente "Herói", assistimos a uma oscilação entre a epopeia histórica e o espectáculo exposto de um teatro de marionetas, em que a história serve, sobretudo, de pretexto para a ritualização. No entanto, o modo como se inserem os excursos, em especial o ataques dos "ninjas" da guarda negra do imperador (Chow Yun-fat pouco à vontade com uma personagem algo estereotipada e rígida), permite não só traçar rimas internas com a tradição do "kung fu", mas também apreender a vontade de instrumentalizar a tragédia para evocar filmes como "Ran" de Kurosawa, uma das matrizes já destrinçáveis em "Herói", num esplendor algo mórbido e letal. O uso obsessivo do grande plano nas cenas de interiores contrasta com os picados sobre o mar de crisântemos ou o sangue que os mancha depois da batalha final.
Embora contendo todas as contradições do cinema de Yimou, demasiado fascinado com o brilho da imagem para conseguir captar toda a intensidade trágica, "A Maldição da Flor Dourada" consegue um equilíbrio raro entre as suas componentes e incorpora um interessante olhar - quase a lembrar as extravagâncias bíblicas de De Mille - sobre o espectáculo da História em cinema.”

Mário Jorge Torres (PÚBLICO), http://cinecartaz.publico.clix.pt

Uma iniciativa: Pintar o 7 - Cinema, Cidade, Cultura

Apoio: A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural

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