terça-feira, 7 de outubro de 2008

Cinemascópio: Ciclo Puxando os Fios da Trama - Próxima 6ªf, 10 Outubro: Má Educação, de Pedro Almodóvar


Cinemascópio - Ciclos de Cinema Temáticos
Ciclo Puxando os Fios da Trama

SESSÃO DE SEXTA-FEIRA 10 OUTUBRO.2008 - 21H45

A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural
Rua de Morgado de Mateus, nº41
4000-334 Porto
(TOQUEM À CAMPAINHA, PF)
ENTRADA LIVRE

Má Educação
La Mala Educacion

Realizador: Pedro Amodóvar
Música: Alberto Iglesias
Com: Gael García Bernal, Fele Martínez, Daniel Giménez Cacho, Lluís Homar, Francisco Maestre, Francisco Boira, Juan Fernández, Nacho Pérez

Duração: 105 minutos, COR
Classificação: M/16
Género: Crime / Drama / Thriller
País de Origem: Espanha
Ano:2004
SINOPSE
"Depois do êxito de Fala com Ela, Pedro Almodóvar regressa a realização com um novo projecto, Má Educação. Um filme que Almodóvar define como um "thriller fatalista".

Duas crianças, Ignacio e Enrique, descobriram o amor, o cinema e o medo num colégio religioso no início dos anos 60. O Padre Manolo, director do colégio e professor de literatura foi testemunha e parte principal desses descobrimentos.
As três personagens voltam a encontrar-se anos mais tarde em Madrid no início dos anos 80, quando a cidade respirava um novo ar de liberdade.
O reencontro vai ser traçado pela mentira onde a realidade e a ficção se vão misturar e irá marcar a vida e a morte de um deles.

"Má Educação é um filme muito íntimo, mas não exactamente autobiográfico… Naturalmente, as minhas recordações foram importantes na hora de escrever o guião. Não é um acerto de contas com os padres que mal me educaram nem com o clero em geral… É um filme negro, pelo menos assim gosto de o considerar", diz Pedro Almodóvar.”
www.cineteka.com
“ENTRE A REALIDADE E A FICÇÃO

"Má Educação" (2004) de Pedro Almodóvar

Depois da intensidade de "Tudo Sobre a Minha Mãe" e "Fala com Ela", Pedro Almodóvar aumenta as doses de negrume e obscuridade em "Má Educação" ("La Mála Educación"), distanciando-se da vertente calorosa e emotiva dessas elogiadas obras antecessoras.
Apostando em tons mais sinistros, o mais recente filme debruça-se sobre temas polémicos como a pedofilia, a prostituição ou a homossexualidade. É certo estas temáticas não são inéditas na obra do cineasta, mas raramente foram abordadas de forma tão soturna e arrepiante como em "Má Educação".

Herdando referências do "film noir", do policial ou do melodrama, a película centra-se na relação de dois amigos de infância, colegas de um colégio interno católico, que se reencontram mais tarde, na idade adulta, no início dos anos 80. Enrique é agora realizador de cinema e Ignacio um actor principiante à procura de uma oportunidade para brilhar. Quando os dois jovens se reencontram, estão lançadas as pistas para uma intrincada história marcada pela mentira, traição, morte, amor e vingança, onde o presente e o passado mantêm uma interligação incontornável.

Almodóvar proporciona um denso olhar sobre os podres da Igreja Católica, nomeadamente sobre as assombrosas atmosferas dos colégios internos e das ambivalentes relações entre os padres e as crianças. É sabido que o cineasta passou a infância nestas instituições, mas desconhece-se até que ponto o argumento de "Má Educação" é auto-biográfico.
Através de "flashbacks", o filme apresenta uma perspectiva sobre os laços de confiança dos dois amigos na infância, expondo também a descoberta da paixão de ambos pelo cinema e os primeiros contactos com o despertar da sexualidade.
Com uma estrutura narrativa complexa e criativa, "Má Educação" funde as esferas da realidade e da ficção, tornando-se num desafio constante para o espectador e obrigando-o a reavaliar e questionar os acontecimentos decorridos.

Ao contrário de grande parte dos filmes de Almodóvar, aqui não se efectua um mergulho no universo feminino, antes se expõem as tensões e antagonismos de um conjunto de personagens masculinas. O carácter trágico e a densidade dramática, no entanto, mantêm-se, através de uma teia de intrigas vincada pelo desejo, ambição, pecado e obsessão. As atmosferas são, por isso, carregadas de negrume, e raramente há espaço para o despontar do amor num filme que aborda a perversidade humana. A espaços, verificam-se alguns momentos de humor, mas "Má Educação" privilegia a melancolia e o desencanto.

Para além da espessura dramática, a película impressiona também pelo rigor técnico e formal, onde a realização e banda-sonora voltam a marcar pontos e a reconstituição de Madrid dos anos 80 exibe competência. A direcção de actores é igualmente profícua, da qual se destaca a credibilidade do duo protagonista constituído por Fele Martínez (Enrique) e, sobretudo, Gael Garcia Bernal (Ignacio). Bernal, um dos mais promissores actores latinos de hoje - como "Amor Cão", "E a Tua Mãe Também" ou "Diários de Che Guevara" podem atestar - , oferece aqui os seus melhores desempenhos e confirma a sua versatilidade (a "femme - ou homme? - fatale" que compõe é uma das mais impressionantes interpretações do ano).

Talvez menos acessível e imediata do que algumas das suas obras anteriores, "Má Educação" é uma experiência cinematográfica que volta a demonstrar a vitalidade criativa de Almodóvar e um estilo que - goste-se ou não - é singular, característico e pessoal.”
Gonçalo Sá - http://forum.emcena.com


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