segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Riso

É o melhor remédio.

A gagalhada surge espontânea. De repente o mundo altera-se num espanto. E a boca aberta e sonora liberta-nos de nós. Somos todos corpo naquele instante em alegres convulsões que nos sacodem a alma.

Ou então é um sorriso cumplice, inteligente. A ironia bem construida, quase poética, que pelo seu modo distorcido mostra a natureza crua das coisas. Dá-lhe beleza, dá-lhe entendimento.

Há o riso trocista e pândego. Uma sacudidela contida de ombros. O ar que sai pelo nariz a custo enquanto nós por dentro nos consolamos nesse jogo de diversão e de crueldade. Riso de prazer clandestino, nervoso e imparavel.



E os sorrisos amarelos. Os descaradamente amarelos. Ou os sorrisos tristes, conformados, sem cor. São sorrisos de ocasião.

E aqueles sorrisos lindos da cor dos olhos que por instantes pousam em nós...

Rir é o remédio. Rirmo-nos de nós, de tudo. E quando nos rimos dos outros sentimo-nos superiores. Ao rirmo-nos de nós talvez sejamos superiores. Porque há algo que se liberta e se ultrapassa: olhamos para nós esticando os lábios num sorriso difícil e condescente. Mas depois diverte... e já não olhamos mais para trás.

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