quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Actores

Não percebo nada do assunto, mas sempre me achei capaz de distinguir um bom de um mau actor. No fundo toda a gente o acha, e o universo de actores fica assim dividido em duas partes: os actores que gostamos e aqueles que não gostamos. Esquecemos por completo o meio termo, porque para aqui nem vem ao caso.



De uma maneira (muito) geral gosto de dividir os actores em dois grupos: os carismáticos e os de composição.
Os primeiros são aqueles que se impoem sobretudo pela sua presença. Trazem algo de difícil definição e é impossivel ficar-lhes indiferente quando surgem na tela. Lembro-me de John Wayne, Marlon Brando, Jack Nicholson, Robert De Niro, Samuel L. Jackson. Pela voz, pelo olhar, por qualquer outra coisa.
Os de composição são os camaleões. São os que se transformam em trejeitos, sotaques e atitudes. Pressupõe-se uma capacidade mimética inata que lhes condicionou a carreira desde cedo. Lembro-me Anthony Hopkins, Tom Hanks, Kevin Spacey, Philip Seymmour Hoffman.

Aos grandes nomes associamos quase sempre o primeiro grupo. Os actores-carisma (chamemos-lhe assim) representam-se a si próprios. Fazem-no muitas vezes ao ponto da caricatura como é o caso de Al Pacino (na foto acima). Os seus tiques quando se irrita, aquela pausa antes do berro desmedido. E o olhar meio esgazeado supostamente carregado de uma tensão interior incontrolavel.

No segundo grupo representam de facto alguém. Dá a sensação que há um trabalho "exterior" fora do próprio ego.
Bem sei que isto é divagar muito (e de que maneira), porque tanto vemos De Niro a engordar 20 kilos para interpretar Jake La Mota, como cansa ver sempre os mesmos esgares, poses e ritmos de Anthony Hopkins, faça ele de Nixon ou de Picasso.


Gosto de actores seguros e competentes. "Keep it simple! Keep it simple!" insistia Scorsese na sua voz de matraqueada quando via algum actor com intenções de acrescentar algo próprio à cena.
Gosto da capacidade de convencerem em registos diferentes. E isto sim é uma qualidade rara. Penso que os verdadeiros actores estão quase sempre bem, seja lá o filme que fizerem. Justamente por essa segurança, pela interpretação contida e do algo indefinivel que trazem. Seja lá o que isso for.
Kevin Spacey, Edward Norton (um dos mais brilhantes da sua geração), Jeff Bridges, Chris Cooper e Ed Harris (na foto acima) são exemplos daquilo que considero bons actores.

Nenhum comentário: